Para identificar os genes envolvidos no metabolismo de carboidratos e avaliar sua expressão sob circunstâncias diversas, os cientistas empregaram técnicas de biologia molecular. As ESTs (sigla em inglês para ’etiquetas de seqüências expressas’) apontam os genes ativos em uma dada célula ou tecido de um organismo; os microarrays permitem determinar quais genes se ativam sob condições específicas.
Microarrays representam genes expressos sob as condições A (verde), B (vermelho) ou ambas (amarelo). Acima, microarray de T. Reesei em que os genes marcados em verde ou vermelho são expressos em alta ou baixa concentração de glicose respectivamente
O conjunto de genes envolvidos no metabolismo de glicose nos dois fungos é o mesmo, mas a expressão desses genes é regulada de maneiras diversas. "Essas diferenças evidenciam alguma diferença evolutiva entre os microrganismos", afirma Felipe Chambergo. O T. reesei vive no solo, onde os nutrientes são basicamente resíduos vegetais ricos em celulose, e a S. cerevisiae é encontrada na uva, onde há abundância de glicose.
Os resultados da pesquisa abrem as portas para modificações genéticas do T. reesei que possam torná-lo capaz de produzir álcool etílico. Como esse fungo consegue degradar celulose, o álcool poderia ser produzido a partir de materiais ricos nesse composto, como o bagaço da cana ou o resíduo urbano de papel.
Diversos grupos de pesquisa em todo o mundo buscam fontes alternativas de combustíveis menos poluentes e de baixo custo. Outras tentativas de obter álcool a partir de celulose já fracassaram devido à inviabilidade econômica. Produzir uma cepa de T. reesei geneticamente modificada e capaz de transformar celulose em álcool requer mais pesquisas. "Restam ainda etapas a serem vencidas para que os resultados deixem a escala laboratorial e possam ser aplicados à indústria", alerta o professor El-Dorry.
Fernanda Marques Ciência Hoje On-line 21/01/08
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