sexta-feira, maio 16, 2008

Brasil vai levar polêmica sobre biocombustível e segurança alimentar ao Bric

O ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, afirmou na quinta-feira (15) que a polêmica sobre a produção de biocombustíveis e, sobretudo, da influência da produção do etanol brasileiro nos preços dos alimentos, serão levadas à primeira reunião formal dos ministros das Relações Exteriores do Bric – grupo formado pelos quatro maiores países emergentes: Brasil, Rússia, Índia e China. O encontro acontece na cidade russa de Ecaterimburgo.

“Evidentemente utilizaremos a ocasião para demonstrar o falso nexo de causalidade que existe entre o problema alimentar e o biocombustível, sobretudo o etanol. Não diria que é nosso objetivo central convencê-los disso, mas seguramente os biocombustíveis estarão presentes”, disse Amorim, em entrevista exclusiva à Empresa Brasil de Comunicação (EBC).

Amorim admite que o interesse dos países do Bric em relação aos biocombustíveis deve variar de acordo com as matrizes energéticas de cada um. “A Rússia é grande produtora de petróleo, então o interesse dela não é idêntico (ao do Brasil). Já a China e a Índia têm mais interesse”, disse.

Temas como a crise no Haiti e o atual contexto estabelecido no Oriente Médio, segundo o ministro, também devem ser abordados.

Ele classifica o encontro entre os ministros como “uma reunião de caráter histórico”, já que, pela primeira vez, os quatro países emergentes que representam 25% do território do planeta e cerca de 42% da população mundial se reúnem.

“Analistas dizem que a recessão que poderia ter sido gerada pela crise financeira norte-americana só não se expandiu por causa do crescimento desses países. É muito importante que o Brasil tenha uma relação próxima e um diálogo direto (com os demais emergentes), porque isso tem influência na organização dos bancos internacionais”, disse.

Na manhã de quinta-feira (15), Amorim se encontrou com o ministro de Relações Exteriores da China, Yang Jienchi. Nesta sexta-feira (16), está previsto um encontro bilateral com o ministro indiano Pranab Mukherjee.

“Esses encontros mostram claramente que a geografia mundial está mudando. A discussão vai se aprofundar amanhã”, disse Amorim.

O ministro Amorim acredita que, ao final do encontro, deve ser elaborado um relatório que aponte uma declaração conjunta dos quatro países.

Questionado sobre uma possível participação brasileira no G-8 (grupo que engloba os países mais industrializados do mundo e a Rússia), o ministro derrubou os rumores de que a Rússia poderia ser substituída pelo Brasil no grupo.

“Não queremos substituir ninguém. A Rússia é uma país muito importante no contexto mundial. O importante é podermos trabalhar juntos, porque somos países de grande peso e reconhecemos isso mutuamente. Não se trata de substituir, mas de juntar esforços”.

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