quarta-feira, outubro 14, 2009

Saída para biocombustível está nas áreas degradadas

O Brasil se encontra numa posição privilegiada em termos de disponibilidades de terras para a produção de biocombustíveis, e a produção nacional pode ser ampliada para áreas degradadas por pastagens. É o que acredita o peruano Segundo Urquiaga, pesquisador da Embrapa e professor da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, que esteve em Fortaleza, em agosto/09, participando do XXXIII Congresso Brasileiro de Ciência do Solo.

O que falta ao Brasil para que a produção de biocombustíveis seja realmente sustentável?
Biocombustível é um termo genérico e se refere a diversos materiais de origem biológica com possibilidade de uso como fonte de energia. Seja sólido, de cuja queima se obtém energia calorífica útil em termoelétricas para produzir energia elétrica, ou diretamente na produção de cerâmica vermelha. Entre os biocombustíveis líquidos, temos o álcool de cana-de-açúcar e o biodiesel de diferentes óleos vegetais e gorduras. É fácil obter fontes de energia renovável.

O problema esta na sustentabilidade. Em algumas situações, uma unidade de energia alternativa, ou contida no biocombustível, pode demandar mais energia fóssil para sua produção, e isso é grave. Qualquer programa de produção de energia renovável somente será sustentável se o ganho energético contido no bicombustível for significativamente maior do que toda a energia fóssil investida. No mundo, somente o Brasil possui o maior programa de produção sustentável de biocombustível (álcool de cana e biodiesel de óleo de soja). No caso do álcool, são produzidas 9,3 unidades de energia renovável por cada unidade de energia fóssil investida, e com significativo efeito favorável na mitigação do efeito estufa. Nas demais culturas, precisa-se ainda de pesquisa para aprimorar o balanço energético.

Há um tipo de oleaginosa mais promissora ou se deve investir na diversificação das culturas?
No País, existem diversas espécies vegetais com potencial energético, mas as leguminosas oleaginosas com alta eficiência de obter nitrogênio do ar para uso como nutriente oferecem as melhores perspectivas. A economia em fertilizantes nitrogenados promovida pelo processo de fixação biológica de nitrogênio do ar nas leguminosas influi favoravelmente para a economia de energia fóssil no processo de produção agrícola. Temos o exemplo da cultura de soja, que produz no Brasil cerca de 12 milhões de toneladas de óleo sem consumo de fertilizante nitrogenado. No caso de culturas não leguminosas, que demandam altos níveis de fertilizante nitrogenado, o ganho energético é geralmente baixo. As outras culturas oleaginosas anuais, como mamona e pinhão manso, cuja nutrição nitrogenada depende da adubação, ainda não têm alcançado o nível de sustentabilidade desejado.

O senhor acredita que a atual forma de produção de biocombustíveis compromete florestas nativas e a produção de alimentos?
Esta é uma boa pergunta. Qualquer programa bioenergético sustentável pode estabelecer-se sem comprometer as florestas nativas e a produção de alimentos, muito diferente de outros países com limitada disponibilidade de terras. Temos no Brasil mais de 230 milhões de hectares de terras sob pastagens, das quais aproximadamente cerca de 120 milhões de hectares estão cobertas com pastagens degradadas. Essas áreas estão disponíveis, não apenas para as culturas energéticas, senão também para pelo menos triplicar a área cultivada com grãos ou alimentos. Não podemos esquecer que, na pecuária, existem tecnologias para aumentar a produtividade e evitar a degradação.

Qual é a sua avaliação sobre o atual modelo de agronegócio brasileiro?
O agronegócio brasileiro tem estado baseado principalmente em commodities de poucos produtos agrícolas, como soja, suco de laranja e carne; sendo que a expansão destas culturas e pastagens ocorreu de forma desenfreada, comprometendo o meio ambiente pelo desmatamento. Hoje, graças à pressão da sociedade e dos países importadores, o componente ambiental está ocupando o espaço devido. Por isso acredita-se que o agronegócio brasileiro fique mais civilizado. É notória a falta de incentivo para reforçar o agronegócio interno, envolvendo a agricultura familiar, que responde por mais de 70% da produção de alimento para o povo brasileiro.

A humanidade superou a revolução verde em busca de um modelo mais sustentável para garantir o abastecimento?
A revolução verde, baseada no melhoramento genético de plantas e no uso de fertilizantes, tem sido muitas vezes inadequadamente entendida. Salvou da morte por fome a mais de 50 milhões de pessoas no mundo, especialmente na Ásia, nos anos 60. No Brasil, deu suporte para os cientistas descobrirem o potencial produtivo dos solos do Cerrado, que hoje é um grande suporte para a produção agrícola do País. É claro que precisamos corrigir as deficiências e aprimorar. Solos extremamente pobres em nutrientes, como são a maioria dos solos tropicais, não são adequadamente produtivos pela falta de adubação. Desconhecer isso, no mínimo, é uma posição irresponsável. Precisamos racionalizar e usar de maneira eficiente todos os insumos agrícolas. É hora de otimizar tudo, sem esquecer os cuidados com o meio ambiente. Sistemas agrícolas sustentáveis dependem da pesquisa e da adequada aplicação.

Há chance de crescimento na produtividade sem aumento da dependência de agroquímicos?
Sim. Muito dos insumos agrícolas empregados atualmente na agricultura vêm sendo aplicados em excesso ou de forma irracional, o que tem dado uma falsa idéia da dependência da nossa agricultura de agroquímicos. Precisamos da disponibilidade de tecnologias que permitam otimizar o uso dos insumos agrícolas de forma eficiente e com mínimo impacto ambiental. Deve ficar claro também que, para nossas condições de solos pobres e ácidos, é praticamente impossível produzir alimentos agrícolas sem depender dos fertilizantes e de produtos sintéticos controladores de pragas e doenças. China e Coréia, países de alto consumo de agroquímicos, estão incentivando a pesquisa para desenvolver tecnologias microbiológicas que permitam otimizar a eficiência de insumos agrícolas para diminuir seu uso. No caso do Brasil, o melhor exemplo da eficiência microbiológica está na cultura da soja, onde se produz mais de 60 milhões anuais de toneladas de grãos ou alimentos sem uso de fertilizante nitrogenado. Precisamos de incentivo à pesquisa na área da microbiologia. Assim, é possível crescimento na produtividade sem aumentar a dependência por agroquímicos.

A produção orgânica é realmente promissora para o setor primário da economia?
Os princípios básicos que regem a produção orgânica de alimentos são muito bons. Quem não gostaria de ter disponíveis alimentos produzidos da forma mais natural possível? O problema está na dificuldade de conseguir insumos orgânicos, como esterco, para grandes extensões. Hoje, é possível produzir alimentos orgânicos, mas a alto custo, proibitivo para pessoas de baixos ingressos. Está cada vez mais claro que em solos pobres, como os nossos, é difícil a produção de alimentos orgânicos, mas todo esforço é válido para utilizar de forma eficiente várias das técnicas baseadas no princípio da agricultura orgânica nos sistemas de produção agrícola, como a otimização da contribuição da fixação biológica de nitrogênio, que, pela adubação verde, em rotação de cultivos, pode suprir a demanda ou diminuir a necessidade do uso de fertilizantes nitrogenados.

Qual é a estratégia adequada para lidar com a diversidade brasileira sem comprometer a fertilidade? E para combater o processo de desertificação?
É necessária a mínima ou nula perturbação do solo, como estabelece o sistema plantio direto. Este sistema permite cobrir o solo com os resíduos de colheita, diminuindo as perdas de solo por erosão. A eliminação da queima contribui muito para preservação da biodiversidade microbiológica do solo. Este sistema, com adequada rotação de culturas, incluindo leguminosas fixadoras de nitrogênio do ar, contribui para melhorar a fertilidade do solo, preservando e/ou aumentando a matéria orgânica. Quanto à desertificação, uma das técnicas de destaque é o reflorestamento com leguminosas arbóreas tolerantes ao estresse hídrico e eliminar a queima.

Em que nível a pesquisa científica tem contribuído para melhorar a produtividade no Brasil?
Somente a pesquisa agrícola tem permitido dar suporte para os recordes de produtividade que o País vem obtendo ano a ano. Graças a ela o Brasil expandiu a fronteira agrícola, dominando o Cerrado. Falta muita coisa a pesquisar, refinar algumas tecnologias e desenvolver outras, destacando a integração de sistemas de produção envolvendo agricultura e pecuária. As esperanças estão voltadas para a biotecnologia, melhoramento genético, microbiologia do solo e planta e procura por insumos mais nobres ou de menor impacto ambiental.

Qual é a melhor alternativa para combater a fome do ponto de vista produtivo?
É necessário disponibilizar alimento mais barato. Para isso é preciso aumentar os rendimentos agrícolas com menores custos, um dos desafios da pesquisa. A população mais pobre e sujeita à fome está nos pequenos agricultores. Os programas assistencialistas com ajuda econômica direta poderiam ser aperfeiçoados concedendo adubo. Com a concessão de dez quilos de nutrientes por família por ano seria possível produzir mais de 300 quilos de grãos, o suficiente para colocar diariamente na mesa de cada família pelo menos 800 gramas de grãos.

Fonte: Blog Matriz energética e o impacto ambiental

sexta-feira, julho 31, 2009

Cadê o tal de H-Bio????

Não é preciso um grande esforço para lembrar a sigla milagrosa, vendida como panaceia energético-ambiental, pelo presidente Lula durante a campanha eleitoral de 2006: o H-Bio, o diesel que aceita a mistura de óleos vegetais na fase de refino, em proporção de até 18%. O invento é da Petrobras, mas o próprio Lula, como alquimista, apresentava a fórmula em seu linguajar popular, prometendo um combustível ambientalmente mais correto que o consumido hoje, e milhões de empregos para todo lado.

Seria bem-vindo, fosse apenas pelo alívio ao meio ambiente, já que a Petrobras é recordista mundial de emissões poluidoras com o apoio do regime monopolístico (ela faz as leis para si própria) e com o apoio do governo, interessado na arrecadação de tributos e não nas emissões de lixo atmosférico.

Mas, sobre o H-Bio, depois da vitória de 2006, nem Lula nem a Petrobras comentaram. Surgem assim interrogações: tratava-se de factoide eleitoral? O H-Bio não interessa à Petrobras? Os brasileiros são todos ingênuos e crédulos?

Entre tantas incertezas, a Petrobras transformou-se num instrumento a serviço de estratégias eleitorais, de planos de poder, apenas de um partido, daquele do presidente. Acelera ou freia sua propaganda e investidas de comum acordo com o Planalto. E não poderia ser diferente, já que a própria ministra Dilma Rousseff exerce (em desvio constitucional de função, remunerada com R$ 79 mil por mês) o cargo de presidente do conselho da estatal. A boa notícia costuma ser anunciada não na sede da empresa, mas na do governo, sobrepondo e transfigurando méritos, metas e finalidades, fazendo de Lula, e agora de Dilma, os beneficiários de uma popularidade induzida.

Essa mescla de interesses inconfessáveis, conduzida com alta dose de atrevimento, reduz o potencial, descomunal, dos biocombustíveis (sequestradores de carbono), que poderiam agora estar rendendo uma incrível prosperidade ao povo. O bio é o que o mundo quer, e apenas o Brasil tem em proporções fantásticas. Entretanto, mais uma vez a Petrobras, ou a Petrobras/governo/Dilma/eleições/tributos/financiamento de campanhas, apossa-se daquilo que não é dela.

Não há cabimento entregar à Petrobras o desenvolvimento, a normatização, as estratégias, os acordos internacionais dos bio , exatamente a uma estatal cujo futuro depende da extração de combustíveis fósseis, como o é o petróleo. Apenas os investimentos no pré-sal, com todos os interesses econômicos que envolve, são capazes de abrir caminho a qualquer custo e preço. É aí que Lula quer entregar o futuro dos biocombustíveis? Ou apenas seu enterro?

Etanol nunca se transformará em commodities enquanto quem tratar disso for uma petrolífera. O fim ou o adiamento sine die e sem justificativa do H-Bio já mostra o que se pode esperar.

O destino dos biocombustíveis brasileiros deveria estar nas mãos de um ministério específico, longe da Petrobras e de um governo que, antes de qualquer outro interesse, enxerga a manutenção de seus lucros e de seu poder.

Vittorio Medioli é ex-deputado federal por Minas Gerais (PSDB - 1989-2005), proprietário do grupo SADA

Fonte: O Tempo
Do: Jurídico Brasil
Data: 30/07/2009 - 06:10:00

terça-feira, julho 07, 2009

Fungo que pode produzir combustível é descoberto na Patagônia

06/07/09 - Cientistas americanos descobriram na Patagônia, região no sul da Argentina, um fungo capaz de produzir componentes como os que se encontram na gasolina diesel.

O fungo poderia ser potencialmente uma nova fonte de energia limpa, segundo o artigo publicado na revista científica Microbiology.

O fungo, batizado de Gliocladium roseum, foi descoberto em uma árvore ulmo (Eucryphia cordifolia) por cientistas da universidade do Estado de Montana, nos Estados Unidos.

O Gliocladium roseum gera várias moléculas diferentes que produzem hidrogênio e carbono, e que são também encontradas no óleo diesel. Os cientistas trabalham agora em criar o que chamam de "mycodiesel", um combustível limpo a partir da nova descoberta.

"Este é o único organismo que demonstrou ser capaz de produzir esta combinação importante de substâncias combustíveis", disse o professor Gary Strobel, que conduziu a pesquisa.

"O fungo pode inclusive produzir estes combustíveis de diesel a partir da celulose, que poderia ser uma melhor fonte de biocombustível que qualquer uma das que se usa atualmente", opina o cientista.

Hidrocarbonetos

Muitos tipos de micróbios podem produzir hidrocarbonetos, que são compostos formados de hidrogênio e carbono.

Os fungos que crescem na madeira parecem produzir uma série de compostos potencialmente explosivos.

"Quando examinamos a composição do Gliocladium roseum, ficamos totalmente surpreendidos de ver que ele estava produzindo uma variedade de hidrocarbonetos e derivados de hidrocarbonetos", disse Strobel. "Os resultados foram totalmente inesperados."

Posteriormente, quando os investigadores cultivaram o fungo em laboratório, ele foi capaz de produzir um combustível que, segundo eles, é muito similar ao óleo diesel usada em automóveis e caminhões.

Outra vantagem potencial do combustível, segundo Strobel, é que ele pode ser produzido diretamente da celulose, o principal composto das plantas e do papel.

Quando se utiliza plantas para produzir biocombustíveis, elas precisam primeiro ser processadas para depois serem convertidas em compostos úteis, como a celulose.

Mas no caso do Gliocladium roseum, ele pode produzir o "mycodiesel" diretamente da celulose.

"Isso significa que o fungo pode produzir combustível saltando-se um grande passo no processo de produção", diz Strobel.


04/07/09
Fonte: Vitrine Digital

quinta-feira, abril 23, 2009

Biocombustíveis de terceira geração????????



22/04/09 - Você provavelmente conhece veículos movidos a óleo vegetal, energia solar e eólica. O mais novo combustível a entrar nessa lista é o “pum” de vaca, de acordo com o blog Inhabitat. A empresa japonesa Yamaha está apostando em um carrinho de golfe que aproveita o metano emitido pela flatulência bovina (tida como um dos principais causadores do efeito estufa) como propulsor.

As pesquisas estão bem no início, mas o veículo, que foi testado em um campo de golfe em Katori, no Japão, já mostrou que suporta distâncias semelhantes aos carros comuns, porém não pode ser dirigido em alta velocidade. É também em Katori que fica a chamada “Cidade da Biomassa”, onde o esterco das vacas é processado e transformado nessa espécie de combustível orgânico.

O metano é estocado em um reservatório à base de carbono ativado que, com sua porosidade, ajuda na absorção do gás em baixa pressão. Quando o gás é colocado na presença desse tipo de carbono, o tanque pode suportar 30 vezes o seu volume em metano – eliminando assim a necessidade de um sistema de alta pressão, e custo elevado.

Agora, resta saber se os japoneses conseguiram eliminar o cheiro nada agradável do material.

Fonte:

segunda-feira, abril 13, 2009

Associação Brasileira para Sensibilizaçaõ, Coleta e Reciclagem dos Resíduos de Óleo de Cozinha

Há 02 anos, frente à SAMORCC, implantamos o Projeto de Coleta de Óleo de porta-a-porta, disponibilizando containeres em condominios e comércio em geral. Para tanto, fizemos parceria com a TREVO, que ganhou notoriedade.

O Projeto ultrapassou os limites geográficos do bairro, atingindo outras áreas da cidade, outros Municípios, outros Estados e até outros Países. (Atualmente estamos implantando o Projeto na Argentina)

Para ampliar o projeto, REUNIMOS AS SEIS COLETADORAS de óleo (Trevo, Lirium, Só-Óleo, Disk Óleo, Cml. Brentel e Giglio) + UM GRUPO DE AMBIENTALISTAS E EMPREENDEDORES e criamos a ECÓLEO: Associação Brasileira, para sensibilização, coleta e reciclagem dos resíduos de óleo de cozinha.

Juntas, coletam mais de 1 milhão de litros de óleo por mês!!! (praticamente 1 lago de óleo mes!) A quantia coletada, 1 milhão de litros/mês, representa menos de 5% do óleo descartado.

Considera-se que cada família descarte 1 litro de óleo/mes e que um litro de óleo contamina mais de 25 mil litros de água.


Assim, a ECÓLEO foi criada a finalidade de mobilizar Ongs e e governo, colaborando com as Prefeituras de cada cidade na implantação do Projeto, que vai desde a sensibilização até a reciclagem do resíduo coletado, criando-se eco-pontos, mobilizando as escolas, postos de polícia, postos de saúde, comércio, igrejas, etc., enfim, uma campanha que mobiliza, esclarece e cobra responsabilidades do Poder Público e da sociedade em geral.

O óleo descartado na pia, vasos ou meio-ambiente compromete a tubulação e polui águas, incidindo no custo desta.

Nos rios, lagos, etc., o óleo cria uma pelicula que impede a respiração e mata milhares de espécies de seres vivos - animais e vegetais.


Necessitamos de colaboração para ampla divulgação E IMPLANTAÇÃO desse projeto.


www.ecoleo.org.br - Tel. 3081.3418

sexta-feira, março 27, 2009

Estatal investirá US$ 2,4 bilhões em biodiesel

A Petrobras informou hoje que o Plano de Negócios da Petrobras Biocombustível prevê investimentos de US$ 2,4 bilhões no segmento de produção de biodiesel e etanol para o período de 2009-2013, sendo 91% no Brasil. Este valor faz parte do total de US$ 2,8 bilhões destinados pela Petrobras ao negócio de biocombustíveis, que prevê também US$ 400 milhões para infraestrutura, como alcooldutos. Os recursos totais representam um aumento de 87% em relação ao plano anterior. A estatal destinou ainda US$ 530 milhões neste período para pesquisas em biocombustíveis.

De acordo com o comunicado da companhia, dos US$ 2,4 bilhões, 80% serão investidos em etanol e 20% em biodiesel. Uma das metas da empresa é atingir em 2013 a produção de 640 milhões de litros de biodiesel no Brasil. Para isso, está prevista uma nova usina no norte do País, a duplicação da usina de Candeias (BA) e a adaptação para produção comercial das usinas experimentais de Guamaré, no Rio Grande do Norte. Também será desenvolvido um trabalho para ampliar a capacidade de produção das usinas de Quixadá (CE) e Montes Claros (MG). Será ainda analisada a possibilidade de aquisição de duas novas usinas.

Sobre a atuação internacional na área de biodiesel, a estatal explica ainda que terá continuidade o estudo do projeto em parceria com a portuguesa Galp Energia, que prevê a produção anual de 330 mil m³ de óleo vegetal no Brasil e de 320 mil m³ de biodiesel em Portugal. Também está prevista a implantação de uma unidade de produção de biodiesel na África.

Para o segmento de etanol, a meta da Petrobras é atingir, em parceria, a produção de 1,9 bilhão de litros em 2013, voltada para o mercado externo, e 1,8 bilhão de litros para o mercado interno. Segundo a empresa, o objetivo é fechar ainda este ano parcerias para quatro novos projetos de produção de etanol, envolvendo um parceiro internacional, que garanta mercado, e um produtor nacional de etanol. A empresa poderá ainda adquirir participação em usinas existentes. Fora do País, está sendo estudada uma unidade de produção de etanol na Colômbia.

Fonte: Invest News

Clérigo muçulmano diz que biocombustível é pecado

A produção e utilização de biocombustíveis poderão ser restringidas em comunidades muçulmanas depois que um estudioso do Islã conclamou grupos religiosos a estudar se os biocombustíveis violam a proibição ao álcool prevista pelo islamismo.

Em declaração ao jornal saudita Shams, o sheik Mohamed al-Najimi, da Academia Saudita de Jurisprudência Islâmica, disse que o profeta Maomé proibiu qualquer tipo de uso do álcool, o que incluiria compra, venda, transporte, consumo, provimento e produção.

O biodiesel produzido através do metanol estaria liberado segundo a interpretação do religioso. No entanto o clérigo não fez referência alguma ao biodiesel produzido pela rota etílica. Já o etanol combustível é derivado do álcool etílico, que segundo al-Najimi se encaixaria na categoria proibida. No processo de produção do etanol, o açúcar ou amido de origem vegetal é convertido em álcool etílico através de processo de fermentação com levedura.

Os biocombustíveis “são, basicamente, compostos de álcool”, afirmou ele.

Al-Najimi disse que sua opinião sobre os biocombustíveis não deve ser encarada como uma fatwa (interpretação religiosa com caráter legal no Islã), mas deve estimular os líderes islâmicos a estudarem a questão.

Ele acha também que uma proibição aos biocombustíveis deve se estender além de países predominantemente muçulmanos para abranger os jovens sauditas e muçulmanos que estudam no exterior e utilizam veículos movidos a biocombustível. Vários países do Ocidente e do Oriente estabeleceram o uso obrigatório de misturas de biocombustível, em porcentagens crescentes, na gasolina e no óleo diesel.

Fonte: Cleantech

Geocapital negoceia centro de investigação em Cabo Verde

Hong Kong, China, 26 Mar (Lusa) - A Geocapital está a negociar com o Governo de Cabo Verde a instalação no país de um centro de investigação, pesquisa e desenvolvimento de biocombustíveis, disse hoje à agência Lusa Jorge Ferro Ribeiro, accionista da holding com sede em Macau.

Com interesses no sector financeiro de Cabo Verde e projectos de desenvolvimento de produção de biocombustíveis na Guiné-Bissau e Moçambique, a Geocapital quer aproveitar a experiência cabo-verdiana na produção de Pinhão Manso - Jatropha curcas , a espécie vegetal que vai utilizar em África para produzir combustíveis verdes.

Ferro Ribeiro explicou que o centro de investigação tem "como ponto de referência histórica um dado que não é muito divulgado, mas que é de grande interesse", que é o facto de Cabo Verde ter sido no início do século passado um grande produtor e exportador de jatrofa para França e Portugal.

"Já nessa altura o óleo de jatrofa era utilizado como energia alternativa e fazia a iluminação pública de importantes zonas urbanas em Portugal", disse.

O investidor salientou também que actualmente existem ainda produções de jatrofa em Cabo Verde, o que "reforça a razão" da parceria que será complementar a um acordo de cooperação que a Geocapital assinou em Lisboa com o Instituto de Investigação Científica Tropical também para a investigação relacionada com a produção de biocombustíveis.

Criada em Macau para "potenciar" o contexto económico e comercial do Fórum para a Cooperação Económica e Comercial entre a China e os Países de Língua Oficial Portuguesa, através da actual Região Administrativa Especial da China, a Geocapital tem uma "presença muito forte e relevante" nos países de expressão portuguesa e "está a estudar um investimento na área financeira em Timor-Leste", disse Ferro Ribeiro.

Ainda na área dos biocombustíveis com recurso ao aproveitamento da jatrofa, Jorge Ferro Ribeiro, parceiro do magnata Stanley Ho na Geocapital, explicou à Lusa que a plantação desta espécie vegetal na Guiné-Bissau e em Moçambique deverá ser iniciada no final de 2009 ou início de 2010, acção que permitirá iniciar a produção de biocombustível "em dois ou três anos".

O projecto de produção nos dois países africanos segue uma filosofia de manter "em cada país toda a cadeia de valor do programa" que implicará a "construção e unidades industriais de refinação" adaptadas à dimensão das plantações que serão concretizadas, concluiu Ferro Ribeiro.

JCS.
Fonte:

quinta-feira, março 26, 2009

As respostas do campo às crises econômica e ambiental
João Guilherme Sabino Ometto*



“O Brasil está se movendo em direção à independência energética, através da expansão de fontes alternativas, como hidroeletricidade, etanol e biodiesel. A produção de etanol proveniente da cana-de-açúcar é sustentável em termos financeiros e ambientais, além de não afetar o cultivo de alimentos”. Esta vantagem competitiva, inúmeras vezes explicitada em nosso País por especialistas e representantes do governo e da iniciativa privada, seria redundante caso não fizesse parte do estudo “Baixas Emissões de Carbono, Alto Crescimento: A Resposta da América Latina para a Crise”, que acaba de ser divulgado pelo Banco Mundial (Bird).

Trata-se, assim, do reconhecimento de um dos mais respeitados organismos multilaterais de que os biocombustíveis e a energia de fontes agrícolas renováveis, conforme se pratica no Brasil, representam segura alternativa na busca da sustentabilidade, sem ameaça à cultura de alimentos e das mais importantes commodities. Considerando a credibilidade e significado do Bird, a sua clara posição quanto ao tema, um aval de inegável valor, representa passo importante para o País vencer as últimas reações de ceticismo aos seus programas de substituição da matriz energética.

Assim, a despeito da queda de preços do petróleo, o Brasil deve continuar investindo no fomento da bioenergia, ampliando paulatinamente seu alcance e abrangência. Como se sabe, o etanol já substituiu mais da metade do consumo interno de gasolina, utilizando-se apenas 1% das terras agricultáveis nacionais na cultura da cana-de-açúcar. Mais de 90% dos carros novos em circulação no País são flex fuel. A logística de distribuição garante acesso de toda a frota ao combustível.
O biodiesel também já se encontra nos postos de abastecimento de várias cidades brasileiras, inclusive a de São Paulo, onde roda a mais volumosa parcela de nossa frota. Esse biocombustível é importante salientar, reduz em 78% as emissões de gás carbônico e em 90% as de fumaça. Além disso, praticamente elimina as de óxido de enxofre. Estudos dos ministérios do Desenvolvimento Agrário, da Integração Nacional e das Cidades indicam que, para cada 1% de substituição de óleo diesel por biodiesel produzido com a participação da agricultura familiar, podem ser gerados cem mil empregos no campo.

Os números e dados dos programas brasileiros de bioenergia referendam outra constatação importante do estudo do Bird: “Essa abordagem (relativa às possibilidades de a América Latina contribuir para a solução dos problemas mundiais) poderia apoiar simultaneamente a recuperação econômica e estimular o crescimento nas áreas que atenuam o impacto das mudanças climáticas”. A observação reforça uma tese que parece inequívoca: o mundo não poderá prescindir de programas eficazes de energia limpa e preservação ambiental para solucionar a presente crise econômica, uma das mais graves da história. Ou seja, o capitalismo sobreviverá a esse profundo crash dos derivativos e suas consequências, mas terá de assimilar mudanças inerentes à sustentabilidade, em paralelo à maior responsabilidade e controle dos sistemas financeiros.

Essas irreversíveis tendências colocam o agronegócio no epicentro das soluções viáveis para a humanidade. Isto está muito claro no conteúdo de outro novíssimo estudo do Bird, o Relatório sobre o Desenvolvimento Mundial de 2009, cujo tema básico é “Geografia econômica em transformação”. Diz o documento: “Todas as evidências indicam que a transição da atividade rural para a industrial é ajudada, e não prejudicada, por um setor agrícola saudável (...). Os incentivos direcionados à agricultura também ajudarão os estados atrasados a elevar os padrões de vida para os níveis dos adiantados”.

Todas essas questões evidenciam que o Brasil precisa apoiar cada vez mais o desenvolvimento de sua agropecuária, com a implementação de políticas públicas mais eficazes do que as adotadas até o momento. Nosso agronegócio vai bem, mas poderia ser muito melhor, não fossem gargalos como o do crédito, a dívida rural, os juros muito elevados, o desperdício causado pela deficiência da infraestrutura e os preços elevados dos insumos. Se o mundo reconhece que a resposta da sobrevivência está no campo, o principal protagonista desse processo - o Brasil - não tem o direito de vacilar.

*Engenheiro, membro do Conselho Universitário da Universidade de São Paulo.

Fonte: Jornal Agora

Mercado verde e promissor no Brasil

25/03/09 - O Brasil é hoje a menina do baile da sustentabilidade que todo mundo quer tirar para dançar. Há duas semanas, os alemães estiveram aqui para iniciar negócios com tecnologias sustentáveis, durante evento denominado Ecogerma. Agora são os suecos, que ensaiam uma aproximação, hoje e amanhã, para mostrar sua expertise verde em congresso temático. Não será nenhuma surpresa se, em breve, vierem também os dinamarqueses, os espanhóis e os ingleses - aliás o príncipe Charles deu o ar de sua graça recentemente para tratar prioritariamente de uma agenda ambiental.

Difícil apontar uma única razão para o encanto exercido pelo País. Certamente o seu charme decorre de um conjunto de fatores, entre os quais vale destacar a ascendência econômica, o vasto mercado interno, o pioneirismo do etanol ecologicamente correto, os evidentes gaps de investimentos de infra-estrutura em áreas correlatas às de meio ambiente e - é claro - a propriedade do mais rico patrimônio de recursos naturais do planeta, que tem na Amazônia o seu principal expoente. Nesses tempos de aquecimento global e corrida mundial para redução nas emissões de carbono, um País que possui 46% de fontes renováveis em seu modelo de geração de energia tende a ser visto como um exemplo de sucesso.

Deixando de lado interesses supostamente mais desprendidos na conservação das florestas tropicais (como garantia futura de ar respirável e clima equilibrado para a humanidade), o que atrai a atenção estrangeira é o potencial do mercado brasileiro e as muitas oportunidades que ele oferece. A alemã Roland Berger deu-se ao trabalho de sintetizá-lo em números.

Em parceria com a Câmara de Comércio e Indústria Brasil-Alemanha, a consultoria concluiu estudo segundo o qual o mercado nacional de sustentabilidade corresponde a 0,8% do mercado mundial, com uma estimativa de crescimento interessante entre 5% e 7% ao ano até 2020. Esse índice aproxima-se do crescimento previsto em 6,5% para o mercado mundial no mesmo período. Avaliza as projeções de expansão o fato singelo de que as empresas brasileiras têm investido em tecnologias verdes apenas 1% do seu faturamento. Em números absolutos, os investimentos feitos aqui, no ano de 2007, com gestão de resíduos sólidos, água, saneamento e poluição do ar totalizaram US$ 5,2 bilhões. E os relacionados a energias renováveis ficaram em US$ 6,7 bilhões. Para quem acha que é muito dinheiro, uma informação comparativa: na Alemanha o mercado ambiental movimenta US$ 82 bilhões. O de energias limpas, recursos da ordem de US$ 40 bilhões.

Até mesmo os metódicos alemães, líderes mundiais em tecnologia sustentável, reconhecem a parte cheia do copo da sustentabilidade brasileira. Houve avanços importantes. Mas a expressiva parte vazia do mesmo copo indica, sobretudo, enormes possibilidades de negócio que ficarão mais nítidas tão logo se dispersem as sombras da crise econômica mundial. Um pouco mais de números sobre problemas que se apresentam como oportunidades: no Brasil o índice de materiais reciclados é de 12% contra 57% na Alemanha, apenas 39% de nossas cidades oferecem destino adequado para lixo e só 49% das residências têm saneamento básico. Mais investimento público, por meio de parcerias público-privadas, podem colocar o Brasil entre os três mais promissores mercados para tecnologias sustentáveis do mundo.

O estudo da Roland Berger identificou algumas oportunidades bem concretas. Uma delas está na adoção de novas regulações, que deverão resultar em processos de privatização ou de concessão de serviços públicos de água e saneamento. Outro campo com boas perspectivas é o da gestão de resíduos sólidos urbanos e industriais. Há um ambiente favorável, marcado, sobretudo, por uma nova regulamentação, em tramitação no congresso, que abrangerá a questão da separação e tratamento de resíduos. Uma terceira tendência observada refere-se ao estímulo e uso de energia renovável, com o reforço à utilização de biomassa, a exploração de pequenos rios e bacias hidrográficas e a geração de energia eólica num país riquíssimo em ventos. A necessidade de buscar maior eficiência energética com edificações, tecnologias de informação e materiais verdes corresponde à outra tendência identificada pela Roland Berger.

Feito no auge da crise do subprime, o estudo detectou o que esta coluna já havia apontado, no final do ano passado: o colapso econômico global vai reduzir, em 2009, investimentos em tecnologias sustentáveis (para 30% dos executivos entrevistados.) No entanto, 39% acreditam que haverá apenas um adiamento momentâneo, sem afetar metas planejadas.

Os próximos cinco a oito anos serão caracterizados - afirma o documento - por um desenvolvimento positivo do mercado brasileiro, em decorrência dos investimentos em infra-estrutura no âmbito do PAC, do uso crescente de tecnologias mais limpas e da ascensão de um consumidor mais interessado em produtos verdes. É esperar para confirmar.


Ricardo Voltolini
Fonte:

Petrobras deve investir US$ 158 bilhões no Brasil nos próximos cinco anos

O Plano de Negócios da Petrobras para o período 2009/2013 foi detalhado, nesta terça-feira (24), em audiência pública conjunta das comissões de Assuntos Econômicos (CAE) e de Serviços de Infra-Estrutura (CI).

Gás e biodiesel

Questionado pelo presidente da CI, senador Fernando Collor (PTB-AL), sobre se o Brasil alcançaria autossuficiência na produção de gás com esses investimentos, Sérgio Gabrielli admitiu que vai conquistar apenas autonomia e independência. Dos 135 milhões de metros cúbicos diários de gás que o país deverá demandar em 2013, o dirigente diz que 71 milhões de metros cúbicos deverão vir da produção nacional, mas ressalva que 30 milhões de metros cúbicos continuarão, até 2019, a vir da Bolívia.

Dentro do PN 2009/2013, a produção de biocombustíveis deverá contar com US$ 2,8 bilhões em investimentos - considerado pouco por Sérgio Gabrielli -, dos quais 84% vão para a produção de biodiesel e 16% para etanol. A empresa trabalha com a ampliação da exportação de etanol de 1 milhão de metros cúbicos diários, em 2009, para 4,2 milhões diários em 2013 e, para tanto, está focada no mercado asiático, em especial no Japão.

Já a meta de produção de biodiesel deve saltar de 1,3 milhão de metros cúbicos diários, em 2009, para 2,6 milhões em 2013. Os Estados Unidos são vistos como um mercado "promissor e atraente" para esses produtos, mas, segundo o presidente da Petrobras, não é prioridade por conta da produção própria de álcool à base de milho e pelas barreiras alfandegárias impostas ao produto brasileiro.

Simone Franco / Agência Senado
(Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)