quinta-feira, julho 31, 2008

Contrato de bioenergia

30/07/08 - O Grupo Equipav e a International Paper fecharam contrato de US$ 250 milhões, de longo prazo, para venda de bioenergia. A Equipav entregará no período de 12 anos cerca de 24 MW por ano de energia gerada a partir da produção de açúcar e álcool. A usina, localizada em Promissão (SP), é a maior produtora de bioenergia do setor canavieiro do país e pioneira na cogeração com palha e pontas em grande escala, processo que incentiva a redução das queimadas.

Fonte:
Da Agência

sexta-feira, julho 25, 2008

Células de combustível e o hidrogénio

Segundo um novo estudo publicado por um perito norte-americano em combustíveis alternativos, o , o Dr. C. E. Thomas, as células de combustível e o hidrogénio serão as únicas tecnologias para veículos motorizados que poderão contribuir de forma decisiva para a resolução ou atenuamento do problema do Aquecimento Global.

Esteestudo aponta que somente o uso generalizado do hidrogénio como combustível para veículos motorizados poderá resolver efectivamente o problema do Aquecimento Global. Segundo o perito, só o hidrogénio pode conseguir alcançar o ambicioso objectivo de reduzir os gases de Efeito de Estufa em 60% dos valores de 1990. Para além do hidrogénio, só o etanol celulósico pode obter um ganho semelhante, mas de apenas 20% de redução. O investigador estima também que o custo económico de migrar a estrutura de produção e distribuição da gasolina para o hidrogénio será menor do que manter a estrutura actual, num contexto de explosão dos preços do petróleo

ODr. C. E. Thomas conclui que “só os veículos propulsionados a células de hidrogénio poderão virtualmente eliminar a poluição do ar urbano do sector dos transportes por 2100; todas as outras opção de veículos/combustíveis incluindo quer a gasolina, quer o etanol produzirão essencialmente a mesma ou ainda maior poluição do ar que a frota automóvel actual devido ao aumento do número de milhas viajadas.”

Ostrabalhos do perito recorreram a várias ferramenta de análise e modelos teóricos comparando várias configurações de híbridos, híbridos que se podem ligar à rede eléctrica pública, biocombustível e hidrogénio. As conclusões destes trabalhos foram apresentadas no congresso da “National Hydrogen Association”, realizado em Abril de 2008 na Califórnia.

O hidrogénio consolida-se como o verdadeiro “combustível do futuro”, apresentando um número crescente de vantagens competitivas frente ao seu melhor concorrente, o biocombustível fabricado a partir de cana do açúcar brasileira, já que o criado a partir de milho só é economicamente viável à custa da injeção massiva de subsídios. Resta, contudo, um grande problema que tem que ser resolvido para que o hidrogénio possa ser verdadeiramente um combustível de massas: a produção… De facto, o processo industrial mais eficiente para o produto, depende do… petróleo, e enquanto outros métodos promissores (como a geração a partir de algas OGM) não surgirem dificilmente será rentável converter a rede de refinação e distribuição de gasolina para o hidrogénio…

Fonte: Energy Daily

quinta-feira, julho 24, 2008

O preço dos alimentos - por Antonio Delfim Netto

A economia mundial está vivendo as dificuldades de duas crises simultâneas, mas de origem e conseqüências diferentes: 1) a financeira, que se iniciou com a descoberta - a partir dos problemas surgidos no setor imobiliário americano - da imoralidade que se escondia no sistema financeiro internacional; e 2) a produzida pela rápida evolução dos preços do petróleo, dos metais e dos alimentos.

A primeira é resultado da falta de cuidado das agências, que permitiram à imaginação financeira transformar crédito duvidosos em papéis de primeira linha. Isso foi feito apondo marcas "famosas" aos papéis de péssima qualidade escondidos dentro dos que emitiram. Tudo debaixo do nariz dos mecanismos de controle do sistema financeiro (às vezes nos bancos centrais) e das agências de "risco", como agora reconheceu o relatório do Instituto de Finanças Internacionais. A grave imoralidade reside no fato de que esses riscos não eram registrados nos balanços das marcas "famosas". Isso foi possível devido à hegemonia de um falso pensamento liberal, que sugere que o "mercado" dá aos agentes não só a oportunidade de lucro, mas também a moralidade. Cada um deles teria no seu peito o "espectador imparcial" sonhado por Adam Smith. Essa crise deu a volta ao mundo: atingiu primeiro o sistema financeiro americano, migrou para o sistema financeiro europeu e está ameaçando o japonês.

A desorganização do sistema creditício vai aos poucos minando o crescimento da economia real nos países desenvolvidos. Hoje, as melhores estimativas mostram que o aumento do PIB dos EUA será da ordem de 1,3% em 2008 (contra 2,2% em 2007) e na Eurolândia será de 1,7% (contra 2,6% em 2007).

A segunda crise é resultado de um fato benigno: o rápido crescimento da economia dos países emergentes, que vem ocorrendo há uma década. Em 2007, elas cresceram 8,0% e em 2008 provavelmente crescerão qualquer coisa como 7% (o Brasil cresceu 5,4% em 2007 e espera-se que cresça em torno de 5% em 2008). O rápido aumento da demanda desses países, produzido pela expansão da sua produção industrial e urbanização, levou a um desequilíbrio físico entre as ofertas e procuras globais de petróleo, minérios e alimentos.

Esse desequilíbrio, mesmo em condições normais de pressão e temperatura, levaria a um aumento importante dos seus preços, devido a uma demanda com considerável elasticidade-renda e pequena elasticidade-preço. Os aumentos de preços foram muito maiores por causa da imensa desvalorização do dólar americano, que é a unidade de conta no mercado internacional. Uma pequena redução do crescimento, um pequeno aumento da oferta e alguma valorização do dólar podem inverter esse movimento.

O desequilíbrio físico nos mercados de petróleo, metais e alimentos, a desvalorização da unidade de medida e a extrema liquidez gerada pelo comportamento dos bancos centrais criou uma inflação planetária que pode ser apreciada na tabela abaixo, onde se registram as taxas de inflação no fim do primeiro semestre de cada ano.

No caso brasileiro, quase 2/3 do aumento da taxa de inflação se deve à pressão dos preços agrícolas, o que mostra a nossa completa integração com o mercado mundial desses produtos. Tivemos uma excelente safra 2007/08 (crescimento de 8,1% dos grãos) e o governo teve o bom senso de não interferir nas exportações, o que nos tornou fornecedores confiáveis. É preciso entender, entretanto, que nossos preços internos não são mais determinados por nossa oferta e procura internas. São estabelecidos no mercado internacional e internalizados pela taxa de câmbio flutuante, o que coloca sérias dificuldades para a política monetária de controle da taxa de inflação.

Hoje, a oferta e a demanda de alimentos do Brasil são parte integrante do mercado mundial onde se estabelece o preço de equilíbrio em dólares. A demanda mundial determina o volume das exportações brasileiras que, combinado com o preço externo, produz o valor de nossas exportações, o que influencia a taxa cambial. É esta e o preço externo que fixam o preço interno. Este, por sua vez, determina o que será produzido (na próxima safra) e consumido (nesta safra) pelos brasileiros. Para ajudar o Banco Central a controlar a taxa de inflação é preciso dar ênfase a uma política agrícola que aumente a produção e a produtividade dos alimentos, cujos preços são formados internamente: verduras, tubérculos, feijão, peixe, frutas, ligados à agricultura familiar.

Antonio Delfim Netto é professor emérito da FEA-USP, ex-ministro da Fazenda, Agricultura e Planejamento. Escreve às terças-feiras

Fonte: - SP

quarta-feira, julho 23, 2008

Curitiba é a primeira capital a ter ônibus 100% biocombustível

Curitiba é a primeira Capital brasileira a adotar ônibus com capacidade de rodar bicombustível: os novos articulados terão motor “flex”, com 310 cavalos e capacidade de operar com tanques cheios de diesel ou de biocombustível. O anúncio foi feito pelo prefeito Beto Richa durante a vistoria, ontem, a um dos 18 novos veículos que entrarão em operação em setembro para atender 35 mil passageiros por dia.

“Curitiba procura buscar novas tecnologias que melhorem o transporte público e também preservem o meio ambiente”, afirmou o prefeito Beto Richa. O ônibus apresentado foi da empresa Scania, uma das fornecedoras da frota de veículos da Linha Verde, que projetou, em parceria com a Marcopolo, um carro especial para Curitiba. Da frota prevista para rodar na Linha Verde, 12 veículos terão motores fabricados para uso de combustível ecológico, que serão abastecidos com biodiesel de origem 100% vegetal.

O diretor-presidente da Urbanização de Curitiba (URBS), que administra o transporte coletivo da cidade, Paulo Schmidt, afirmou que está em estudo o tipo de biocombustível a ser usado pela frota da Linha Verde. A Urbs está analisando parcerias com fornecedores que possam garantir a oferta necessária, em quantidade, qualidade e custo razoável. Uma das propostas em análise é o reaproveitamento do óleo de cozinha.

O analista de qualidade da Scania, Sérgio Coutinho de Sá, afirmou que os novos ônibus vão proporcionar mais segurança e comodidade aos passageiros. O biarticulado terá controle eletrônico da rótula (sanfona) que evitará trepidações e freadas bruscas. Outra vantagem é a leveza do veículo, que ganhará mais agilidade.
A previsão da Urbs é reduzir em pelo menos dez minutos o tempo de viagem, que atualmente é de 35 minutos. Hoje, o trajeto é feito pelos ônibus do Eixo Sul que passam nos terminais Pinheirinho, Capão Raso e Portão e trafegam pelas avenidas Winston Churchill, República Argentina e Sete de Setembro.

Os ônibus da linha Pinheirinho/Centro vão sair do Terminal Pinheirinho diretamente na Linha Verde e chegar ao Centro pelo eixo da avenida Marechal Floriano Peixoto que também está sendo reformada e terá canaletas em concreto e com possibilidade de ultrapassagem.
As novas estações serão formadas por duas estações tubo paralelas, acopladas uma à outra. A nova arquitetura prevê estações mais altas do que as atuais, melhor isolamento térmico e ventilação.

Os portadores de necessidades especiais terão acesso por uma rampa e o embarque e desembarque de passageiros das linhas alimentadoras será feito, como acontece com os ônibus Expresso, de porta a porta — quando o passageiro desembarca direto dentro da estação de onde poderá pegar o ônibus do sistema Expresso sem pagar nova tarifa.

Fonte:

Hidrogênio como combustível

O hidrogênio é muito atraente como uma alternativa aos combustíveis fósseis, pois ele pode ser combinado com o oxigênio em uma pilha de combustível para produzir eletricidade, calor e água.

Ao contrário dos combustíveis fósseis, na sua queima não há produção de dióxido de carbono, monóxido de carbono, óxidos de azoto ou de enxofre, ou partículas. Como o hidrogênio é eletrolisado a partir de água, a eletricidade produzida foi gerado através de uma fonte "limpa" - como a eólica, das ondas, das marés ou a energia solar - muito mais respeitadoras do ambiente.

O conceito das células de combustível existe desde meados do século XIX, mas foi só na segunda metade do século XX que as pesquisas delas passaram a ser conduzidas para serem produzidas comercialmente, embora em número reduzido. Agora, com a elevação dos preços do petróleo e as preocupações sobre o aquecimento global, o desenvolvimento de células de combustível chegou a um ponto onde existem unidades disponíveis para uma variedade de aplicações, desde faróis de automóveis a luzes residênciais(ver painel).

Dada a prevalência de automóveis, combinado com o consumo de combustível e a sua contribuição para o aquecimento global, é de se esperar que uma quantidade substancial de pesquisas esteja sendo realizada em células de combustível de hidrogênio para aplicações automotivas. Honda foi a primeira automotiva a ofertar carros de serie equipados com pilha de combustível aos seus clientes, oferecendo o Honda FCX na frota utilizado nos E.U.A. e Japão em 2002.

Fonte: Engeneer Live (em ingês)

Ler também:

Hidrogênio a partir de algas: produção, armazenamento e distribuição no mesmo local

A busca do combustível ideal: hidrogênio

Hidrogênio com Tecnologia Brasileira

Honda inicia produção de carro movido a hidrogênio

BID aprova modelo de ônibus com 100% biocombustível

Os especialistas em transporte urbano do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) Paulo Carvalho e Rosana Brandão aprovaram o novo modelo de ônibus 100% biocombustível que vai circular na Linha Verde.

Para os técnicos, a iniciativa da Prefeitura de colocar no novo corredor de transporte da cidade um veículo com um forte componente ambiental deveria ser copiado por outras cidades. Os dois especialistas estiveram no início deste mês em Curitiba participando de um seminário promovido pelo banco.

O encontro reuniu técnicos das cidades de São Bernardo do Campo, Fortaleza, Porto Alegre, Rio de Janeiro e Brasília que estão desenvolvendo projetos de transporte urbano financiados pelo BID. O objetivo do evento era mostrar a experiência de Curitiba nesta área.

Fonte: Correio Paranaense

Da Agência

Lula oferece a Uribe aliança no setor de biocombustíveis

O presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, ofereceu neste sábado em Bogotá uma aliança com a Colômbia no setor de biocombustíveis, e destacou o aumento dos investimentos brasileiros no país vizinho.

Fonte:

Da Agência

Distribuição de biocombustíveis é afetada pela falta de caminhões tanque

A falta de caminhões-tanque que vem provocando problemas de abastecimento de combustíveis e biocombustíveis no nordeste, podem se espalhar por outras regiões. Segundo representantes da área de revenda, em todas as capitais nordestinas há postos sofrendo com falta de álcool hidratado e, principalmente, gasolina. O problema vem ganhando tal dimensão que a Agência Nacional do Petróleo (ANP) costurou esta semana com a Transpetro e as distribuidoras um esquema emergencial de transporte de álcool do Sudeste por cabotagem.

Mas, de acordo com a Federação Nacional do Comércio Varejista de Combustíveis e Lubrificantes (Fecombustíveis), há reclamações de donos de postos de todas as capitais da região nordeste. A entidade informa que as distribuidoras acionaram um esquema de racionamento, limitando as entregas a 5 mil litros diários por posto.

A produção de álcool no Nordeste está em período de entressafra e, de acordo com especialistas, não há caminhões suficientes para buscar o biocombustível nas usinas da Região Sudeste. O consumo de combustíveis vem crescendo a um ritmo superior à capacidade de expansão da frota de caminhões, problema agravado pelo aumento da mistura de biodiesel ao diesel de petróleo para 3% (B3), vigente desde 1º de julho, que aumentou a demanda pelo transporte rodoviário de combustíveis.

Cláudio Zattar, diretor da concessionária Vocal, da Volvo, diz que o gargalo não está nos tanques para transporte de combustíveis, apesar da demora entre dois e três meses para a aquisição de uma nova unidade. Segundo ele, o maior entrave reside nas cabines - chamadas no mercado de "cavalos" - de grande potência, que hoje têm espera que pode superar um ano.

Esses caminhões são usados para transporte de combustíveis em longas distâncias, pois agüentam puxar grandes quantidades de combustíveis. "São eles que levam o álcool das usinas para as bases das distribuidoras, de onde saem caminhões menores para os postos", diz Zattar, que já teve passagem por distribuidoras de combustíveis como Shell e Ale.

A falta de gasolina nos postos é reflexo também das dificuldades no transporte de álcool, já que a mistura vendida ao consumidor tem 25% de álcool anidro. As distribuidoras reconhecem o problema, que vem provocando atritos no mercado. "Se isso ocorre, é por falta de planejamento das distribuidoras", afirma o presidente da Fecombustíveis, Paulo Miranda. Os produtores de álcool também reclamam da falta de investimentos em logística.

Os setores envolvidos se reuniram esta semana com a ANP em busca de solução para o problema. Como medida emergencial, a Transpetro se incumbiu de carregar 8 milhões de litros de álcool por dutos entre Paulínia e o terminal da Ilha D'Água, na Baía de Guanabara. Dali, o carregamento partiu em um navio para o porto de Suape, em Pernambuco, onde deveria chegar este fim de semana. Segundo a Fecombustíveis, a carga deve aliviar o mercado por algumas semanas.

A ANP, porém, quer uma solução estruturada para o transporte de combustíveis. "A logística está completamente estressada. Está operando no limite", afirma o superintendente da agência. "Estamos pensando em medidas para tratar o tema de maneira compatível com o crescimento do mercado", completa Silva.

Fonte:

Da Agência

terça-feira, julho 22, 2008

O Brasil está preparado para os novos Bicombustíveis?!?!?!

Em 14 de abril de 2008 o presidente norte-americano em seu discurso intitulado "Remarks on Climate Change", declarou que seu país visa produzir até 2022 a quantidade expressiva de 36 bilhões de galões de combustíveis renováveis. Sua pretensão é atingir esse objetivo com investimentos em combustíveis de nova geração. Citou o etanol celulósico como um possível biocombustível que poderia contribuir na mitigação das emissões de gases de efeito estufa, sem influenciar nos preços dos alimentos.

O Etanol Celulósico pode ser produzido a partir de qualquer subproduto agrícola, que possua lignocelulose, como espigas de milho, bagaço da cana, lascas de madeira e até grama. Muitas empresas já fazem investimentos significativos nessa tecnologia. Uma parceria entre três multinacionais americanas fabricantes de enzimas para serem aplicadas na produção do etanol celulósico já conseguiu reduzir o custo de produção em 10 vezes. De qualquer forma, esse processo ainda não é economicamente viável. No caso do etanol da cana-de-açúcar acredita-se que a produção poderá ter um aumento entre 50% e 100% com a utilização do novo processo.

O avanço preconizado nos países desenvolvidos pode acarretar barreiras não-tarifárias que limitem a entrada de biocombustíveis brasileiros, principalmente na Europa. Como acontece com a graduação alcoólica do etanol brasileiro, que é 99,3%, e na Europa a exigida é de 99,8% (diferença tecnológica substancial) ou, então, com o índice de estabilidade à oxidação do biodiesel europeu que é uma barreira ao biodiesel de soja.

No Brasil, segundo pesquisadora da Universidade de Brasília, os investimentos na pesquisa da tecnologia do etanol celulósico estão restritos a três grupos, todos ligados a universidades e o governo é o principal financiador das pesquisas. Dois consórcios foram montados na região Sudeste financiados pela Fapesp e Finep, e no terceiro o investidor é a Petrobras. Além disso, a Dedini, importante empresa do setor sucroalcooleiro em parceria com a Copersucar, Centro de Tecnologia Canavieira e a Fapesp, desenvolveu a tecnologia para o etanol celulósico Dedini hidrólise rápida (DHR). O projeto teve início na década de 1980, foi patenteado pela Dedini nos países de interesse e, hoje, conta com uma usina piloto no interior de São Paulo. Segundo a empresa, o custo de produção do etanol celulósico é de R$ 0,40 por litro.

Os investimentos em biocombustíveis de segunda e terceira gerações em países como EUA e Alemanha são muito superiores aos brasileiros. Os investimentos brasileiros ficam restritos na produção de etanol celulósico a partir do bagaço de cana. Portanto, são necessárias alianças estratégicas entre governo, universidades e empresas para fomentar a inovação tecnológica no campo dos biocombustíveis. Para uma rápida reflexão remete-se aos dados de que as publicações científicas no Brasil e Coréia são equivalentes, mas quando se verifica o número de patentes registradas constata-se que em 2004 a Coréia registrou 25.316 patentes enquanto o Brasil 1.216. A conclusão imediata é que temos ótimos pesquisadores, mas as empresas brasileiras não pesquisam e não buscam inovar, fazendo-se necessário o relacionamento profícuo com universidades (pesquisadoras por excelência) para que o Brasil não perca a dianteira tecnológica no campo dos biocombustíveis.

Com as tecnologias disponíveis hoje, a cana-de-açúcar se apresentada como a mais eficiente e economicamente favorável matéria-prima para produção de biocombustíveis. Como maior produtor mundial de cana, o Brasil possui hoje uma vantagem comparativa aos demais países, sempre enfatizada pelo atual governo, mas é possível que a posição brasileira de destaque no panorama mundial seja comprometida. Uma altenativa para evitar esse problema é direcionar uma parcela dos bilionários investimentos previstos às pesquisas em biocombustíveis de segunda e terceira gerações, pois estes garantirão que o Brasil não seja prejudicado por barreiras não-tarifárias existentes ou futuras. Que certamente surgirão.

Mas é preciso que sejamos enfáticos quando analisamos a necessidade de o País investir em inovação tecnológica, ou seja, em pesquisa e desenvolvimento, no setor de biocombustíveis. A necessidade de investimentos não é somente obrigação do governo, mas do setor como um todo, que deve aproveitar as excelentes perspectivas dos biocombustíveis hoje para traçar seu futuro dentro e fora do País. Investimentos dessa natureza e critérios de sustentabilidade serão os alicerces da perenidade da posição de destaque do Brasil no campo dos biocombustíveis.


Ernesto Cavasin, Alexandre Gellert Paris e Carlo Linkevieius Pereira - 18/06
Fonte: DiarioNet

Ingleses farão biocombustível a partir do lixo

A empresa britânica Ineos Bio anunciou nesta segunda-feira deter a tecnologia para produção de etanol em quantidades comerciais a partir de lixo biodegradável. O combustível estará disponível para uso em carros dentro de dois anos.

Serão usados lixo biodegradável municipal, lixo orgânico comercial e resíduos de agricultura, entre outros. De acordo com a empresa química, a tecnologia já foi testada num projeto piloto nos Estados Unidos e possui a vantagem de não afetar a produção de alimentos.

O processo de transformação do lixo em etanol é realizado em três etapas. Na primeira, o lixo é superaquecido para obtenção de gás. Em seguida, o gás é utilizado para alimentar bactérias anaeróbicas (biocatalizadoras) que produzem o etanol. E, por fim, o etanol é purificado para ser usado como combustível ou misturado à gasolina.

A Ineos Bio ainda não anunciou onde será instalada a primeira usina, mas informou que a tecnologia já foi testada em um projeto piloto nos Estados Unidos e que precisará da cooperação dos governos locais para ter acesso ao lixo.

Este gás é usado para alimentar bactérias anaeróbicas que produzem o etanol.

Um dos fatores positivos, apontados pela empresa, é o da tecnologia não afetar a produção de alimentos. Uma tonelada de lixo seco pode ser transformada em cerca de 400 litros de etanol, informou a empresa.

O processo foi desenvolvido em Fayetteville, no Estado americano do Arkansas. As pesquisas começaram em 1989 e a primeira usina foi montada depois de 20 anos de trabalho.

A fábrica está operando continuamente desde 2003, usando diferentes dejetos.

Fonte: Fontes Diversas

quinta-feira, julho 17, 2008

Shell desenvolve biocombustível celulósico

16/07/08 - A Shell anunciou uma parceria com a sua subsidiária Iogen com vista a acelerar o desenvolvimento e produção de biocombustivel celulósico.

A colaboração com a Iogen, empresa especializada no fomento do etanol celulósico, é o elemento chave do programa estratégico da Shell para o investimento e desenvolvimento de biocombustíveis, em especial nos biocombustíveis ´da próxima geração´ com o uso de recursos não alimentares. Este combustível é produzido a partir de matérias-primas tais como a palha de trigo e promete reduzir a geração de CO2 até 90% em comparação com a gasolina convencional.

Os termos do acordo incluem um investimento da Shell num programa conjunto de desenvolvimento desta tecnologia com a Iogen Energy Corporation, que irá igualmente permitir à Shell aumentar a sua participação na Iogen de 26,3% para 50%.

Dependendo dos desenvolvimentos futuros, a Shell considera a possibilidade de investir numa fábrica de etanol celulósico.

Fonte: AutoPortal

Da Agência

sexta-feira, julho 11, 2008

Brasil e Japão fazem acordo de cooperação para pesquisas de novos biocombustíveis

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o primeiro-ministro japonês, Yasuo Fukuda, chegaram a um acordo para colaborar na pesquisa de novos biocombustíveis durante a cúpula do Grupo dos Oito (G8, os sete países mais industrializados e a Rússia), informou nesta quinta-feira (10) o diário japonês "The Asahi Shimbun".

Fukuda afirmou que o Japão aumentará sua produção e fornecerá tecnologia necessária para o desenvolvimento da segunda geração de biocombustíveis, fabricada a partir de produtos não alimentícios.

"Atualmente, o Japão está realizando pesquisas com celulose (para a fabricação de biocombustíveis). Esperamos progredir com a cooperação do Brasil", disse Fukuda, citado pelo "Asahi Shimbun".

Durante o encontro, Lula pediu ao premiê japonês um fortalecimento das relações econômicas bilaterais entre Japão e Brasil, especialmente no campo da energia, os semicondutores de aço e os alimentos, segundo a agência local de notícias "Kyodo".

Os líderes de Estados Unidos, Canadá, Reino Unido, Alemanha, França, Itália, Japão e Rússia disseram na terça-feira (8) em comunicado que as políticas para a produção sustentável de biocombustíveis devem ser compatíveis com estratégias de segurança alimentar.

O G8 concordou em "trabalhar para o desenvolvimento de pontos de referência e de indicadores com base científica para a produção e o uso dos biocombustíveis".

Para 2010, o Japão pretende produzir e utilizar uma quantidade anual de biocombustíveis que corresponda ao uso de 500 mil quilolitros de petróleo. Em 2007, o nível estimado de produção no país foi de 10 mil quilolitros, segundo o diário.

Fonte:

quinta-feira, julho 10, 2008

A produção de Bioeletricidade de bagaço de cana pode dobra na matriz

Petrobras vai produzir energia elétrica de cana e
A Petrobras vai produzir energia elétrica de bagaço da cana-de-açúcar. A companhia pretende colocar em operação até 2012 o projeto da térmica Britarumã, com 60 megawatts (MW) de potência, localizada no Estado de Goiás. “Começamos modestamente, mas temos uma meta de alcançar entre 1 mil MW e 1,5 mil MW de geração de eletricidade a partir do bagaço de cana”, disse Maria das Graças Foster, diretor de Gás e Energia.

Bioeletricidade – A energia produzida de biomassa dará um salto na matriz energética no próximo leilão do dia 30 de agosto. “A bioeletricidade pode sair de uma posição marginal para dobrar de importância na matriz”, afirmou Maurício Tolmasquim, presidente da EPE. Segundo ele devem ser adicionados entre 1,5 mil e 2 mil megawatts no sistema.

Fonte:

sexta-feira, julho 04, 2008

Petrobras está otimista com a descoberta de petróleo e com os biocombustíveis

03/07/08 - A Petrobras acredita num futuro promissor, graças às recentes descobertas de petróleo ao longo das costas brasileiras, às suas apostas em biocombustíveis, e à sua hegemonia contestável no Brasil, um gigante emergente.

"É uma tarefa importante desenvolver o que nós temos nas mãos", declarou esta semana durante o XIX Congresso mundial do petróleo de Madrid Segrio Gabrielli, presidente da empresa.

A Petrobras descobriu nos últimos meses várias jazidas de hidrocarbonetos off shore na Bacia de Santos. O solo é o de Tupi, com entre 5 e 8 bilhões de barris de petróleo.

Nas outras áreas, "sabemos que tem muito petróleo, mas ainda não sabemos quanto", declarou Gabrielli, satisfeito com os "bons resultados" obtidos em exportações e com as reservas "amplas" descobertas

O Brasil, que ocupa o 14º lugar mundial em termos de reservas, com 14 bilhões de barris, vai ganhar posições.

Estas descobertas e a força da empresa no mercado interno fazem da Petrobras um grupo tranqüilo diante da crise causada pelo terceiro choque do petróleo, com preços que não param de subir. Como está se lançando no ramo dos biocombustíveis, num país líder no mundo, em que 44% da energia produzida é de origem renovável.

"Ninguém é imune às grandes crises, mas somos vacinados contra pequenas crises", afirmou Gabrielli, lembrando que o grupo refina quase toda sua produção e que 85% dos 3 milhões de barris que produz por dia são consumidos diretamente no Brasil.

"As outras grandes companhias são grandes exportadoras, ou então não gozam da mesma situação de refino", declarou.

Por isso, o dinamismo da economia brasileira é muito importante para nós, visto que o crescimento do PIB determina a demanda de petróleo, e portanto as reformas da Petrobras.

O Brasil é considerado um dos gigantes emergentes, com uma população de aproximadamente 184 milhões de habitantes e taxas de crescimento econômico anuais superiores a 5% nos últimos anos.

Mas, enquanto vários produtores de petróleo se preocupam com a evolução da demanda, que pode se tornar um problema em razão da disparada dos preços, a Petrobras não está preocupada, porque o aumento do petróleo no mundo não tem repercussões nas bombas brasileiras.

"Nos cinco últimos anos, nossa política de preços foi a de não repassar a alta dos preços mundiais ao mercado brasileiro", explicou Gabrielli. Com isso, a "forte incerteza sobre a demanda mundial não atinge o Brasil".

Outra particularidade brasileira, os recursos em massa aos biocombustíveis, mais especificamente o etanol, que representa 50% do combustível utilizado pelos motoristas dos países sul-americanos.

Nestas condições, a Petrobras decidiu romper barreiras e acaba de abrir uma filial especializada, a Petrobras Biocombustibles.

O objetivo é de investir US$ 1,5 bilhão daqui a 2012, para produzir 938.000 metros cúbicos de biodiesel por ano, 1,6 milhão de m3 por ano de combustíveis à base de óleo vegetal e 4,76 milhões de m3 por ano de etanol, somente para exportação.

"A idéia já existia há oito anos. Queremos desenvolvê-la enquanto empresa do Estado que procura fazer negócios de modo duradouro", num país em que o potencial é importante, explicou à AFP Ricardo Castello Branco, diretor da jovem filial.

Por fim, Gabrielli declarou não esperar que os preços do petróleo diminuam consideravelmente num momento em que estão aumentando os custos de produção, o que gera necessidade de novos investimentos no setor.

"Não se pode esperar que os preços baixem", insistiu Gabrielli em um discurso no Congresso Mundial de Petróleo na capital espanhola.

"A especulação existe, mas não tem a ver com a tendência a longo prazo de altas, causadas principalmente pelo aumento da demanda, ao que o setor pode responder com mais investimentos", explicou.

"Nós enfrentamos um aumento de custos enorme no setor, já que é preciso construir nova infra-estrutura para ter acesso a novas reservas", prosseguiu.

"Os custos de produção estão subindo rapidamente e, além disso, vamos precisar de mais mão-de-obra, que é preciso formar", continuou.

"E as águas profundas (onde a companhia encontrou várias jazidas nos últimos meses) são mais caras de se explorar", afirmou.

"Com as reservas existentes, podemos aumentar a produção, mas a um custo superior ao atual, por isso vamos enfrentar o desafio de tomar decisões sobre novos planos de investimento, decisões difíceis, mas necessárias".

E, no futuro, segundo ele, apesar das reservas cada vez menores e de menos descobertas de jazidas, podem ser identificadas novas oportunidades de descobertas no Atlântico Sul e na região do Ártico, entre outras.

Fonte:

Da Agência

Energia gerada da cana-de-açúcar mo Brasil

A energia gerada a partir da biomassa oriunda da produção de álcool e açúcar no país estão na mira da Energias do Brasil. Holding do grupo português EDP e que controla ativos de distribuição, comercialização e geração no país, a companhia pretende firmar parcerias com usinas para ter acesso ao potencial energético desse setor, que não é pequeno. Segundo fontes do setor sucroalcooleiro, o Brasil poderia gerar pelo menos 6 mil megawatts (MW) a partir do etanol, o que equivaleria às duas hidrelétricas do rio Madeira.

A Energias do Brasil é econômica ao falar sobre seu interesse. Mas admite que já estuda oportunidades nessa área e garante ter recursos suficientes para a empreitada. Tanto que um dos projetos seria a construção de quatro módulos, com capacidade individual de 100 MW e que demandaria investimentos totais estimados em R$ 1 bilhão. "É necessário investir R$ 2,5 milhões para implantar um megawatt de geração a partir do etanol", afirma António Pita de Abreu, diretor-presidente da Energias do Brasil.

Um dos primeiros módulos seria instalado na cidade de Nova Andradina (MS), que o grupo português admite estar em fase de formatação. A partir dessa "reserva de espaço", a Energias do Brasil pretende participar dos leilões em 2013, segundo o Valor apurou. A região de Nova Andradina é considerada a nova fronteira para cana e vários grupos, incluindo multinacionais, deverão erguer novas unidades produtoras e todas elas com projetos de co-geração.

Pita de Abreu observa que um dos pontos fundamentais é garantir o suprimento da biomassa. Por isso, a empresa quer ter uma participação, mesmo que minoritária, no negócio de produção de etanol.

Várias usinas de açúcar e álcool estão sendo procuradas por grandes companhias de energia para firmar parcerias em co-geração a partir do bagaço de cana. "Já fomos sondados por várias empresas, mas ainda não fechamos nada", informa Pedro Mizutani, vice-presidente-geral do Grupo Cosan, maior sucro-alcooleiro do país.

O Valor apurou que a Cosan deverá se reunir com a Energias do Brasil para discutir uma possível parceira em co-geração. Mas Mizutani desconversa. Diz apenas que o grupo tem interesse em ampliar seus negócios em co-geração.

Todas as 18 usinas da Cosan são auto-suficientes em energia. Nos últimos anos, a companhia investiu R$ 420 milhões para aumentar a capacidade de suas usinas. Nos últimos leilões realizados pelo governo, o grupo já vendeu 120 MW, mas o seu potencial pode chegar a 1.000 MW, diz Mizutani. O grupo está construindo três novas unidades, todas elas com projeto de co-geração, no sudoeste de Goiás. E a intenção da Cosan é fazer aportes de R$ 3,5 bilhões em co-geração em suas usinas nos próximos anos.

Um levantamento feito por Adriano Pires, diretor do Centro Brasileiro de Infra-Estrutura (CBIE), a pedido do Valor, mostra que em 1999 as usinas de açúcar e álcool do Brasil geravam 936 MW de energia a partir da biomassa. Mas o potencial era de 3,744 mil MW, suficiente para abastecer uma cidade de 5,6 milhões de habitantes. Em 2007, as mesmas negociaram quase 2 mil MW, mas o potencial instalado pode chegar a 10 mil MW, com capacidade para abastecer uma cidade de 14,5 milhões de habitantes.

Segundo Onório Kitayama, consultor de energia da União das Indústrias da Cana-de-Açúcar (Unica), os custos para transmissão da energia das usinas para a rede inviabilizam os investimentos do setor. "Esse mercado pode ser lucrativo, considerando que os preços do açúcar e do álcool oscilam bastante", diz.

A tacada em co-geração não é única investida do grupo português no Brasil. Além de descartar sua presença em grandes projetos hidrelétricos, como a usina de Belo Monte que deverá ir à leilão em 2009, o executivo do grupo no país conta que busca incrementar no país projetos de fonte eólica, de Pequenas Centrais Hidrelétricas (PCHs) e também de hidrelétricas com capacidade ao redor de 400 MW. A Energias do Brasil ainda estuda construir duas termelétricas a gás natural no país. E cada uma delas teria capacidade de 500 MW, ficando uma no Estado do Rio de Janeiro e outra no Espírito Santo.

Há seis meses no Brasil, o executivo mostra bastante entusiasmo com a energia eólica, principalmente após as declarações do ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, de que pretende fazer um pregão específico para eólicas em 2009. "Temos intenção em inscrever projetos nesse leilão", diz.

Recentemente, a empresa pagou R$ 51 milhões para comprar a Central Nacional da Energia Elétrica (Cenaeel), herdando dois parques eólicos e uma carteira de 70 MW em projetos desse tipo de energia. Juntas, já geram 14 MW.


Maurício Capela e Mônica Scaramuzzo
Fonte:

Da Agência

quinta-feira, julho 03, 2008

Alimentos x biocombustíveis: crise inexistente

Em 2007, 6% do volume de oleaginosas produzidas no Brasil tiveram como destino a produção de biocombustíveis

A chamada crise dos alimentos que está preocupando governos e instituições em todo o mundo não é uma situação nova que surgiu da noite para o dia, mas sim um problema de falta de renda e não de oferta. E crise não há. Há a polêmica em torno da concorrência dos alimentos e biocombustíveis como se a produção de oleaginosas ou cana-de-açúcar para a produção de combustíveis alternativos tivesse avançado sobre a área de produção de alimentos.

O que não se sabe ainda é que atualmente o volume de grãos e oleaginosas destinados à produção de biocombustíveis é baixo e não justificaria a atual elevação de preços dos alimentos. Estima-se que em 2007, 6% do volume de oleginosas produzidas no Brasil tiveram como destino a produção de biocombustíveis. E apenas 4,5% da produção mundial de grãos foram transformados em etanol.

O que se fala como crise mundial de alimentos é resultado de muitos fatores. O primeiro deles é a abertura indiscriminada da economia dos países em desenvolvimento com a justificativa de que o ''Deus Mercado'' resolveria tudo. No Brasil, no início dos anos 90, as tarifas alfandegárias dos produtos agropecuários foram reduzidas ao mínimo, buscando uma equalização com os preços internacionais em níveis muito baixos, em função de políticas de subsídios dos países desenvolvidos.

O segundo problema são os baixos estoques mundiais de alimentos. No Brasil, por conta de posições liberais no passado houve um desmonte dos aparelhos públicos de regulação de preços e da implementação de políticas agrícolas de pesquisa e assistência técnica. Outro agravante foi a Lei Agrícola de 1991 que ampliou o papel do setor privado na comercialização da produção. Faltou a preocupação que soberania alimentar requer estoques firmes o tempo todo.

O terceiro são os resultados do programa da FAO que tem como meta acabar com a fome no mundo de mais de 800 milhões de pessoas. No Brasil, políticas de valorização do salário mínimo, o programa Fome Zero e o Bolsa-Família atendem mais de 11 milhões de famílias melhorando o nível alimentar destas populações. O quarto fator que afeta todos os países é a constante oligopolização das indústrias de insumos em toda a cadeia alimentar. Atualmente quatro grandes empresas controlam o setor de fertilizantes e só este ano aumentaram os preços de seus produtos entre 50% a 70%. Os aumentos sucessivos do petróleo também elevam os custos de produção da agricultura.

Há ainda um quinto fator que é a enorme concentração do varejo em nosso país, deixando fatia expressiva do consumo de gêneros de primeira necessidade na mão de grupos multinacionais, que verdadeiramente deprimem preços para quem produz e onera os consumidores. Já se sabia que a onda concentradora no setor supermercadista não ia dar em boa coisa.

A grande realidade é que o mundo todo percebe e reconhece os movimentos feitos pelo Brasil nos últimos anos constituindo importantes políticas públicas para a agricultura - em especial aos agricultores familiares e aos consumidores de baixa renda antes excluídos do mercado de consumo. Ao priorizar a agricultura familiar com políticas como o Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf), hoje com milhões de beneficiários acessando crédito, o Brasil se consolida cada vez mais como um grande e importante produtor de alimentos.

Com a política do biodiesel, que se soma a já competitiva política de etanol, o Brasil mostra ao mundo o caminho possível das energias renováveis, e, com desenvolvimento econômico e seus reflexos na empregabilidade, está se criando um imenso mercado interno, sólido e sustentável. Isto é, aquilo que se queria e se sonhava está se mostrando factível. E, em contraponto, não é o que se vê nos principais países do mundo. Eles nos vêem na perspectiva de futuro como um país com alimentos abundantes, de baixo custo, e com muita energia renovável.

VALTER BIANCHINI é secretário da Agricultura e do Abastecimento do Paraná

Valter Bianchini

Fonte:

A Energia limpa não pode se contrapor à busca de alternativas

Curitiba - O Brasil tem a matriz energética mais limpa do planeta, pois quase metade dos combustíveis usados (44,7%) são renováveis. No entanto, isso não o livra da preocupação e responsabilidade em buscar alternativas para desacelerar o crescimento da energia gasta com transporte, seja pelo esgotamento do petróleo ou pelo apelo ambiental de reduzir as emissões de gases responsáveis pelo efeito estufa.

A avaliação é da pesquisadora da Universidade Federal Fluminense (UFF), Márcia Valle Real, que defende a ampliação das pesquisas com biocombustíveis de segunda geração. A estudiosa foi uma das palestrantes no seminário internacional de meio ambiente dirigido à imprensa promovido, esta semana, pela Volvo do Brasil, no Rio de Janeiro.

Márcia levou em conta o histórico de crescimento no consumo de petróleo com transporte no Brasil para alertar sobre a necessidade urgente da indústria automobilística em desenvolver veículos mais eficientes e que usem combustíveis renováveis, bem como dos governos em repensar o planejamento urbano e investir em outros modais de transporte. Na década de 70, o setor de transporte representava 45,4% do consumo de petróleo e, em 2005 (último dado disponível), passou para 60,3%. Já o setor industrial fez um movimento inverso: reduziu sua participação no consumo de petróleo de 19,8% para 9,4%, no mesmo período.

Segundo a pesquisadora, o transporte rodoviário – que representa 81% entre os modais disponíveis – é o que mais consome petróleo no mundo. No Brasil, a participação é ainda maior: 92,1%. Desse total, 46,6% são veículos leves e 53,4% veículos de carga e coletivos. A projeção é de que a frota mundial aumente dos atuais 800 milhões de veículos para 1,3 bilhão até 2030 (crescimento de 80%), o que causaria um impacto significativo no consumo de combustíveis.

Considerando as alternativas de combustíveis ‘‘tecnologicamente viáveis’’ para uso em motores de combustão interna, Márcia coloca o etanol como melhor opção para o Brasil. Ela pondera que o gás natural veicular (GNV) é um combustível ainda em expansão no País, o metanol tem produção pequena e o GLP (gás liquefeito de petróleo) é importado e, por isso, desvantajoso sob o aspecto econômico. Quanto ao hidrogênio, que seria outra alternativa, a pesquisadora lembrou que se trata de tecnologia nova e ainda não disponível no Brasil. Ela acredita que a ‘‘era do petróleo está chegando ao fim’’ e que a solução para o substituir na matriz energética mundial não será única.

O pesquisador da Universidade Uppsala, da Suécia, Kjell Aleklett, também presente no seminário, vai mais longe. Ele defende que, além da substituição dos combustíveis fósseis pelos alternativos, o mundo pense em formas de consumir menos energia. ‘‘Considerando uma escala de 4 mil anos, o pico de consumo do petróleo é agora’’, afirmou o especialista. Segundo sua projeções, hoje o mundo consome 85 milhões de barris de petróleo por dia e deve chegar a 87 milhões até 2010.

Os Estados Unidos, maior consumidor de petróleo do mundo, destacou Aleklett, devem aumentar as importações em 30 milhões de barris por dia, até 2030: de 48 milhões para 78 milhões. ‘‘Mas, os países exportadores serão os mesmos’’, ponderou o pesquisador ao falar da tendência de redução nas exportações pelos principais produtores por causa do recuo na capacidade de extração. O campo de Cantarell, no Golfo do México, exemplificou, reduziu de 2 milhões de barris por dia para 1,5 milhão, entre 2006 e 2007. Segundo ele, existem 47 mil campos de petróleo no planeta, mas apenas 1% dessas fontes são ‘‘gigantes’’.


Andréa Lombardo

Fonte:

quarta-feira, julho 02, 2008

Energia: oportunidade e ameaça para o Brasil

Os piores malefícios da onda liberal para a vida brasileira se situam no tema da energia. FHC conduziu o Brasil ao "apagão" elétrico. A "política" de fomento ao consumo industrial de gás se desdobra agora num "apagão" de gás. Em 1996, o Brasil consumia cerca de 10 milhões de metros cúbicos diários e passou a receber três vezes mais gás da Bolívia. O consumo de gás aumentou excessivamente, apesar do medíocre crescimento da economia. Nos últimos dois anos, com a recuperação industrial, bateu em seu limite. A indústria química, cerâmica, têxtil e vidraceira terão que paralisar seus projetos de investimentos, pois não haverá gás disponível.

Em 2006, o governo Lula lançou o Plano de Aceleração de Gás Natural (Plangás). Como é da tradição, lançado com atraso histórico, o Plangás está atrasado em 2008. A Petrobras pretende se transformar numa importadora de gás liquefeito. Enquanto isto, o gasoduto que ligaria Venezuela, Brasil e Argentina continua sendo um espaço de retóricas geopolíticas desencontradas. É sabido que a Petrobras é contra o gasoduto que integraria o continente sul-americano. Enquanto o Itamaraty luta pela integração, a Petrobras, com seu projeto de ser uma empresa petroleira internacional, se move contra a integração via gasoduto.

Toda a produção é, em última instância, trabalho do esforço humano potencializado pelas energias disponíveis. Nada é tão frenador do crescimento quanto a falta de energia; sua disponibilidade tem de caminhar à frente do crescimento do consumo. Hoje, apesar de nosso imenso potencial hidrelétrico, estamos instalando termelétricas movidas a gás e derivados de petróleo. Os ambientalistas, que são hostis aos reservatórios, devem aplaudir as emissões de calor de nossas termelétricas.

O presidente Lula aposta, corretamente, em bioenergia. Deveríamos robustecer a produção de etanol de álcool. Seria necessária uma pesquisa para a utilização da palha dos canaviais. Hoje, com um fósforo se dissipa, em fumaça, calor equivalente a toda a produção de açúcar e álcool, pois o canavial, para ser colhido, é queimado. Deveríamos priorizar a busca de um equipamento que permitisse colher a palha seca do canavial e uma política social de geração de emprego para os trabalhadores da cana-de-açúcar que seriam dispensados.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva apostou na mamona a ser produzida pelos assentamentos agrários do Nordeste. Deveria pagar um preço estimulante aos assentados, porém o óleo é tão valioso que não deve ser utilizado como matéria-prima de biodiesel. O óleo que está sendo usado é o de soja. Sobra muita glicerina, que deveria ser objeto de um programa prioritário de pesquisa científico-tecnológica, uma gliceroquímica. A construção de grandes hidrelétricas e um esforço coordenado para a bioenergia são prioritários. Afinal, são recursos energéticos renováveis.

Estamos igualmente bem-dotados em termos de energéticos não-renováveis. O carvão brasileiro é pouco e ruim. Porém, temos a sexta reserva mundial de urânio, dominamos a tecnologia de enriquecimento de urânio, e ainda não pesquisamos este minério na maior parte do território nacional. Em matéria de petróleo, a pesquisa da Petrobras mapeou, na Amazônia Azul brasileira, gigantescas reservas de petróleo de boa qualidade em águas profundas e debaixo de uma grande camada de sal fóssil, e estamos na ponta tecnológica para explorar o petróleo do pré-sal.

É necessário colocar a centralidade de uma discussão político-estratégica sobre a energia para o futuro brasileiro. Nossas potencialidades apresentam a oportunidade histórica de atingir, em uma geração, a plena maturidade econômica e exorcizar de vez a pobreza e a miséria. Há também uma ameaça, dada a "fome" mundial pelo petróleo e o cenário de falta progressiva de alimentos.

Na primeira crise do petróleo, o preço internacional do produto saltou de U$ 2,50 para U$ 11 o barril. Na mesma década, a crise no Irã empurrou o barril para cima. No novo milênio, o petróleo já passou de pouco mais de U$ 20 para U$ 140. Todo cuidado geopolítico é pouco, pois não apenas nossa Amazônia Verde é "objeto de cobiça" internacional, como também nossa Amazônia Azul do pré-sal será disputada.

Creio que o Estado brasileiro deveria criar uma enorme estatal de energia, nela situando o petróleo, o gás, o urânio, a hidroeletricidade e a bioenergia. Isto é fazer o oposto que a onda neoliberal preconizou. O argumento de que seria um monopólio deve ser comparado com as práticas oligopolistas das empresas privadas de energia. Essa estatal deveria ter um direto controle das principais frações da sociedade brasileira; sua presença acabaria com a descoordenação, e preveniria futuros "apagões"; restauraria a presença nacional nas instituições energéticas, que não devem ser privadas e, em princípio, não devem estar abertas a capital estrangeiro. Essa estatal poderia praticar tarifas cruzadas e se converteria no principal instrumento de uma política de desenvolvimento de um Brasil para os brasileiros.

Em princípio, o Brasil deve ser um exportador de produtos com o máximo valor agregado sobre o trabalho dos brasileiros. Reservar nossa energia não-renovável para esta estratégia exportadora é correta, sob o ângulo de aplicação financeira. É um erro estratégico exportar petróleo acima do necessário para o investimento em energia. Nada melhor que dispor de reservas provadas de petróleo para o futuro. Nossa bioenergia - em resumo, nossa água, solo agriculturável e insolação - exige fertilizantes, máquinas e combustíveis para ser produzida. Deve ser reservada para a produção dos brasileiros em território nacional. É outro erro estratégico exportar bioenergia se for possível utilizá-la para melhorar a qualidade de vida do povo brasileiro.

Carlos Lessa - professor-titular de economia brasileira da UFRJ

Fonte:

terça-feira, julho 01, 2008

Multinacional produzirá etanol de algas e gramíneas do EUA

O Departamento de Energia dos Estados Unidos (DOE) financiou US$ 30 milhões à multinacional Alltech para implantação uma biorefinarias que produzirão etanol a partir de celulose de “switchgrass” - uma gramínea nativa da América do Norte - além de sabugos e resíduos de milho e algas.

A fábrica fica no município de Springfield, Kentucky, e empregará 93 pessoas quando estiver operando em plena capacidade. O projeto também recebeu um incentivo no valor de US$ 8 milhões do Departamento Financeiro de Desenvolvimento Econômico de Kentucky (KEDFA).

O “switchgrass” representará até 30% da matéria-prima e será convertido em etanol e outros produtos de valor agregado. “O etanol celulósico utiliza matérias-primas que são facilmente disponíveis e que aliviam a atual demanda de grãos para a produção do etanol.

Com os preços das commodities alcançando seus níveis máximos e com a previsão de que o etanol utilizará 30% das culturas de milho dos EUA em 2010, devemos centrar nossa atenção em meios sustentáveis para fontes alternativas de energia,” disse o presidente da Alltech, Pearse Lyons.

As algas, organismos que necessitam somente de luz solar e dióxido de carbono para sobreviver, podem produzir até 5 mil galões (22,73 mil litros) de biocombustível por acre (0,4 hectares) por ano, enquanto o milho produz apenas 400 galões (1,81 mil litros). As algas podem absorver até 450 toneladas de dióxido de carbono por acre quando são cultivadas comercialmente.

Procana - 30/06/2008