quarta-feira, julho 23, 2008

Distribuição de biocombustíveis é afetada pela falta de caminhões tanque

A falta de caminhões-tanque que vem provocando problemas de abastecimento de combustíveis e biocombustíveis no nordeste, podem se espalhar por outras regiões. Segundo representantes da área de revenda, em todas as capitais nordestinas há postos sofrendo com falta de álcool hidratado e, principalmente, gasolina. O problema vem ganhando tal dimensão que a Agência Nacional do Petróleo (ANP) costurou esta semana com a Transpetro e as distribuidoras um esquema emergencial de transporte de álcool do Sudeste por cabotagem.

Mas, de acordo com a Federação Nacional do Comércio Varejista de Combustíveis e Lubrificantes (Fecombustíveis), há reclamações de donos de postos de todas as capitais da região nordeste. A entidade informa que as distribuidoras acionaram um esquema de racionamento, limitando as entregas a 5 mil litros diários por posto.

A produção de álcool no Nordeste está em período de entressafra e, de acordo com especialistas, não há caminhões suficientes para buscar o biocombustível nas usinas da Região Sudeste. O consumo de combustíveis vem crescendo a um ritmo superior à capacidade de expansão da frota de caminhões, problema agravado pelo aumento da mistura de biodiesel ao diesel de petróleo para 3% (B3), vigente desde 1º de julho, que aumentou a demanda pelo transporte rodoviário de combustíveis.

Cláudio Zattar, diretor da concessionária Vocal, da Volvo, diz que o gargalo não está nos tanques para transporte de combustíveis, apesar da demora entre dois e três meses para a aquisição de uma nova unidade. Segundo ele, o maior entrave reside nas cabines - chamadas no mercado de "cavalos" - de grande potência, que hoje têm espera que pode superar um ano.

Esses caminhões são usados para transporte de combustíveis em longas distâncias, pois agüentam puxar grandes quantidades de combustíveis. "São eles que levam o álcool das usinas para as bases das distribuidoras, de onde saem caminhões menores para os postos", diz Zattar, que já teve passagem por distribuidoras de combustíveis como Shell e Ale.

A falta de gasolina nos postos é reflexo também das dificuldades no transporte de álcool, já que a mistura vendida ao consumidor tem 25% de álcool anidro. As distribuidoras reconhecem o problema, que vem provocando atritos no mercado. "Se isso ocorre, é por falta de planejamento das distribuidoras", afirma o presidente da Fecombustíveis, Paulo Miranda. Os produtores de álcool também reclamam da falta de investimentos em logística.

Os setores envolvidos se reuniram esta semana com a ANP em busca de solução para o problema. Como medida emergencial, a Transpetro se incumbiu de carregar 8 milhões de litros de álcool por dutos entre Paulínia e o terminal da Ilha D'Água, na Baía de Guanabara. Dali, o carregamento partiu em um navio para o porto de Suape, em Pernambuco, onde deveria chegar este fim de semana. Segundo a Fecombustíveis, a carga deve aliviar o mercado por algumas semanas.

A ANP, porém, quer uma solução estruturada para o transporte de combustíveis. "A logística está completamente estressada. Está operando no limite", afirma o superintendente da agência. "Estamos pensando em medidas para tratar o tema de maneira compatível com o crescimento do mercado", completa Silva.

Fonte:

Da Agência

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