sexta-feira, agosto 22, 2008

Preço do álcool combustível deve diminuir nos próximos sete anos

SÃO PAULO - O preço do etanol no mercado brasileiro deve cair nos próximos sete anos, em função do aprimoramento dos processos de produção do combustível que estão em desenvolvimento. A projeção é do economista Fábio Silveira, com base em estudo sobre o do mercado de etanol e biodiesel, encomendado pela Fecomercio-SP (Federação do Comércio de São Paulo).

Os resultados, divulgados na terça-feira (19), mostram que, com essa maturação nas técnicas produtivas, o Brasil tende a estar entre os principais produtores de etanol, ao lado dos Estados Unidos, onde a produção projetada é de 56 bilhões de litros.

No Brasil, o volume estimado de etanol produzido até 2015 chega a 52 bilhões de litros, projeção feita com base na velocidade do consumo e no crescimento dos investimentos que o setor tem recebido. A maior produção brasileira deve gerar um "choque de oferta", fazendo o preço do combustível baixar, estima Silveira.

Biodiesel

Para o biodiesel, a projeção indica que a oferta deverá ser triplicada, passando de 1,13 bilhão de litros para 3 bilhões. A maior parte, segundo o economista, será processada a partir do óleo de soja e o restante será dividido entre o óleo e palma, o algodão, a mamona e o girassol.

Fábio Silveira defende que o Brasil precisa de uma política clara sobre a produção do combustível. No período em que a produção deve triplicar - até 2015 - a principal matéria prima continuará sendo a soja, apesar das outras fontes.

Combustíveis e alimentos

O estudo sobre o mercado de biocombustíveis concluiu, segundo a Agência Brasil, que não há risco de escassez de alimentos no mercado internacional, causada pelo avanço das áreas plantadas com cana-de-açúcar para o aumento da produção de etanol, e soja, para produzir biodiesel.

Para Silveira, coordenador da pesquisa, é viável expandir a oferta de álcool combustível e biodiesel sem a necessidade de substituir culturas como a de grãos, por exemplo. Segundo ele, a participação da cana-de-açúcar na agricultura está, atualmente, em torno de 2,5% e ainda há espaço suficiente no território brasileiro para abrigar o crescimento do cultivo de cana, e também do de grãos.

Fonte: Infomoney

terça-feira, agosto 19, 2008

A questão dos subsídios aos combustíveis

18/08/08 - Quando países adotaram políticas econômicas ruins em décadas passadas, somente seus próprios cidadãos pagavam um preço. Na economia globalizada de hoje, porém, o fardo se espalha mais amplamente. Um caso em questão é o uso de subsídios a combustíveis para proteger cidadãos de economias em desenvolvimento da alta dos preços. Como reportou Keith Bradsher no New York Times no mês passado, muitas economias emergentes empregam subsídios para manter os preços domésticos abaixo dos preços mundiais. Uma conseqüência é que esses países consomem muito mais combustível do que se não o fizessem.

Por uma estimativa, os países com subsídios a combustíveis foram responsáveis por virtualmente todo o aumento do consumo mundial de petróleo no ano passado. Sem o estímulo artificial da demanda, os preços mundiais do petróleo estariam mais baixos. No início deste verão (junho, julho), por exemplo, os preços mundiais caíram U$ 4 por barril com a notícia de que uma redução de subsídios poderia elevar em 17% os preços domésticos dos combustíveis na China.

Seria irreal esperar que outros governos abandonem os subsídios só para os americanos que guiam veículos utilitários esportivos e vivem em grandes casas se beneficiem de preços mundiais de energia mais baixos. Mas esses governos deviam considerar sua política à luz das evidências econômicas de que os subsídios causam prejuízos líquidos mesmo para seus beneficiários ostensivos.

Evidentemente, preços mais altos de combustíveis produzem sofrimento econômico. A triste realidade, porém, é que quando o preço de um recurso importado aumenta no mercado mundial, os compradores têm que acusar o golpe.

O problema é que quando o preço de um bem está abaixo de seu custo, as pessoas o usam de maneira perdulária. No caso de um galão de gasolina, o custo para um país é o valor de cada sacrifício adicional que seu uso provoca. Isso inclui não só o preço de comprar o galão (3,79 litros) no mercado mundial - por exemplo, por U$ 4 - mas também custos externos, como maior poluição do ar e aumento dos congestionamentos.

Considerando estimativas razoáveis, o custo real de um galão é claramente superior a U$ 4. Por contraste, o preço da gasolina para usuários é a quantia que se paga na bomba. Com um subsídio de U$ 2 por galão, a gasolina comprada no mercado mundial a U$ 4 é vendida por U$ 2, menos do que seu verdadeiro custo econômico.

Considere como essa diferença pode afetar a decisão de um caminhoneiro sobre aceitar ou não um serviço de frete. Um caminhoneiro racional aplicará o teste básico custo-benefício. Suponha-se que o frete em questão requeira mil galões de combustível, disponível ao preço subsidiado de U$ 2 por galão, para uma despesa total de U$ 2 mil em combustível. Se o custo de tempo e equipamento do caminhoneiro for, por exemplo, U$ 1 mil pela viagem, seus interesses estreitos lhe ditam que aceite o serviço se o despachante estiver disposto a pagar pelo menos U$ 3 mil. Suponha-se que o despachante esteja disposto a pagar essa quantia, mas não mais.

O problema é que se o caminhoneiro aceitar o serviço a esse preço, o país como um todo perderá mais de U$ 2 mil. Embora a tarifa de U$ 3 mil possa cobrir seus próprios custos, o governo acabaria pagando U$ 2 mil em subsídios adicionais pelos mil galões consumidos. Assim, o fato de o subsídio o encorajar a aceitar o serviço significa que seu efeito líquido é equivalente a jogar mais de U$ 2 mil na fogueira.

Os defensores de subsídios mencionam a tempestade de protestos políticos que surgiria se o combustível fosse vendido ao preço do mercado internacional. O fato de esses subsídios a combustíveis serem perdulários implica, porém, que deve haver maneiras menos dispendiosas de manter a paz.

Considere de novo nosso caminhoneiro. Em vez de pagar U$ 2 mil para subsidiar seu combustível, o governo poderia lhe conceder uma dedução fiscal de, por exemplo, U$ 1 mil, para ajudá-lo a pagar serviços públicos. Como os ganhos do caminhoneiro com o frete só eram suficientes para cobrir seus custos ao preço de combustível subsidiado, ele ganharia U$ 1 mil só com a dedução fiscal do que com o subsídio do combustível. A ajuda adicional para serviços públicos aumentaria seu benefício.

Se um presidente americano insistisse com economias em desenvolvimento para eliminarem subsídios a combustíveis porque eles resultam em preços de energia mais altos para americanos, a negociação provavelmente se encerraria de imediato. Mas essa negociação poderia ser reformulada.

Um bom lugar para começar seria seguir o mesmo conselho que queremos que os outros sigam. Embora os EUA não tenham um subsídio direto a combustíveis, os impostos existentes subestimam os custos de poluição e congestionamento associados ao uso adicional de combustível. Adotar algum tipo de variante de um imposto sobre o carbono, como os dois principais candidatos presidenciais propuseram, ajudaria a eliminar essa discrepância.

Isso poderia preparar o palco para nosso próximo presidente explicar a outros líderes por que eliminar subsídios a combustíveis aumentaria o bolo econômico geral. Como os ganhos em eficiência resultantes podem ser redistribuídos para que todos recebam uma fatia maior do que antes, a idéia poderia ser vendida com maior facilidade.


Robert H. Frank - economista na Johnson School of Management da Universidade de Cornell
Fonte: O Estado de S. Paulo

quinta-feira, agosto 14, 2008

Biocombustível veio para ficar

14/08/08 - Especialistas apontam as vantagens do etanol, que se consolidou no mercado interno e está a caminho de tornar-se commodity. Petrobras investe pesado no álcool e diz que o caminho não tem volta. Executivo defende revisão no projeto de biodiesel. Temas foram debatidos no primeiro painel do dia 12 de agosto (quarta-feira), no segundo dia do 7º. Congresso Brasileiro de Agribusiness, no WTC, em São Paulo.

A energia renovável não é um modismo trazido pelas cotações recordes do petróleo. É uma fonte que veio para ficar, e isso significa uma oportunidade imperdível para o Brasil, país que tem o maior potencial bioenergético do planeta.

A chamada "janela de oportunidades" não passou despercebida à Petrobras, justamente a gigante do petróleo brasileiro. “Não há nada de estranho nisso. A Petrobrás está investindo firme em biocombustíveis e não há volta para este projeto dentro da empresa. Ele vai em frente, seguindo o que manda o futuro”, disse Paulo Canabrava, consultor de Negócios de Abastecimento da Petrobras.

O biodiesel levará algum tempo para se consolidar como combustível em larga escala, mas o etanol já é uma realidade prestes a se tornar alternativa mundial ao petróleo. “O que precisamos é levar o etanol ao grupo das commodities (matérias-primas com distribuição e cotação mundiais). Estamos investindo na compra de 26 navios em curto prazo para levar o etanol brasileiro a todos os lugares do mundo”, revelou Canabrava.

Mas há um fator que ainda emperra a globalização do etanol: a produção concentrada. Brasil e Estados Unidos dividem atualmente a liderança no mercado de etanol. Juntos, produzem 70% do álcool combustível no mundo. “Nenhum país quer comprar de um ou dois fornecedores porque é perigoso como estratégia, disse Luiz Carlos Corrêa Carvalho, presidente do Comitê Nacional de Agroenergia da Abag. “Por isso precisamos que outros países se tornem fortes no etanol também, para ampliar o mercado, que é muito promissor”.

No mercado interno, o etanol já ultrapassou a gasolina nos postos de combustíveis neste ano. E a produção não pára de crescer. Hoje são 20 bilhões de litros por ano, volume 14% superior ao do ano passado e quase 100% maior em relação a 2002. Até mesmo a indústria química, que havia abandonado o álcool na década de 1980 em favor da nafta (derivado de petróleo) vem retomando o combustível. “Vale a pena usar o etanol como base para a produção de plástico. E não só pelo preço astronômico do petróleo, mas também porque é uma tecnologia menos poluente”, afirmou Weber Porto, presidente da Evonik Degussa Brasil, empresa química de origem alemã que adotou a matéria-prima vegetal.

Outra prova da versatilidade da natureza é a geração de bioeletricidade. A partir de resíduos da cana-de-açúcar que normalmente são queimados, como bagaço e palha, é possível produzir energia elétrica a custo e impacto ambiental mais baixos do que as complexas hidrelétricas ou as poluentes termelétricas. “O que iria poluir a natureza pode servir para gerar energia limpa”, disse Carlos Roberto Silvestrin, consultor da União da Indústria da Cana-de-Açúcar (Única)

Para ele, com pouco tempo e investimento essa opção de energia renovável pode passar dos atuais 3% da matriz energética brasileira para 15%. Silvestrin afirma que o esmagamento da cana produz um terço de caldo (que geram o açúcar e álcool), um terço de bagaço e um terço de palha. “Ou seja, dois terços da planta são inutilizados quando poderiam virar energia”.

Revisão no biodiesel

Se o etanol só traz otimismo, o biodiesel deveria ser revisto como política de energia renovável no Brasil. A opinião é de Marcello Brito, diretor comercial do Grupo Agropalma, para quem “às vezes, é melhor dar dois passos atrás e retomar a jornada a insistir num caminho errado”. Brito afirmou que mais da metade do biodiesel fabricado hoje no Brasil vem da soja, o que não condiz com a idéia de aproveitamento ideal de culturas para transformação em combustível. “O Brasil critica os Estados Unidos por estarem usando milho para fazer etanol, mas nós estamos usando soja, que é também um alimento importante, para fazer biodiesel. Isso pressiona os preços dos alimentos desnecessariamente”, disse ele.

Para ele, há um problema sério na escolha das matérias-primas para o biodiesel, fomentado sobretudo pelo governo federal. “O dinheiro público tem financiado projetos para a produção da mamona, por exemplo, e ninguém usa essa planta para fazer biodiesel. Mas o governo insiste”. Há ainda projetos para o aproveitamento do girassol, que seria um desperdício, pela nobreza do óleo desta semente.

Brito, cuja empresa produz a palma para o biodiesel, disse que até com esta planta o governo atua errado. “Há um investimento público em plantação de palma no interior da Amazônia em uma área de 100 mil hectares, mas ali não há mão-de-obra suficiente para tocar o projeto e a planta precisa ser levada de barco por 650 quilômetros até Manaus. É esse tipo de problema que precisa ser sanado”.

Pelo lado dos produtores, Brito criticou a ausência de estudos de impacto ambiental na maioria dos empreendimentos de produção de biodiesel. Numa pesquisa com duas dezenas de empresas que se dispuseram a responder a um questionário, Brito concluiu que mais da metade não tem estudo de impacto sobre água, flora e fauna e nem mesmo sabe qual o nível de emissão de carbono do próprio ciclo de produção. “Isso quer dizer que o produtor não sabe se está contribuindo para reduzir ou aumentar a poluição ambiental”, finalizou.

Campanha do etanol

A União da Indústria de Cana-de-Açucar (UNICA) lançou nesta terça durante o Congresso da Abag uma campanha especial para facilitar o entendimento sobre a importância do etanol brasileiro. A campanha, criada pela Talent, apresenta a nova marca para o etanol brasileiro associando o uso do combustível a outras atitudes sustentáveis. Com a assinatura “Etanol: uma atitude inteligente”, a campanha circulará nos principais mercados nacionais e ficará no ar até novembro.
A campanha terá apoio do site www.etanolverde.com.br

13/08/2008
Fonte: Revista Fator

Usinas vendem bienergia em leilão de energia de reserva para 2009

14/08/08 - A negociação para o produto a partir de 2009 do leilão de energia de reserva, primeira licitação do governo específica para contratar energia de térmicas a biomassa, já foi concluída. Três usinas venderam energia nesse produto, negociando 4,4 milhões de megawatt-hora (MWh). A venda total foi de 35 megawatts (MW) médios, sendo 23 MW médios em 2009, 26 MW médios em 2010 e 35 MW médios partir de 2011.

Os contratos de energia de reserva prevêem o escalonamento da disponibilidade da oferta ao sistema. Isso significa que, no primeiro ano, de fornecimento o usineiro precisa entregar, por contrato, no mínimo 30% da energia da usina. Outros 30% são entregues no segundo ano e a partir do terceiro ano a usina entrega o restante da energia.

De acordo com a Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE), a receita total gerada em 2009 foi de R$ 31,712 milhões; em 2010, R$ 35,836 milhões; e a partir de 2011, R$ 48,244 milhões por ano.

Usinas

Segundo a CCEE, a usina Clealco Queiroz vendeu, no total, sete MW médios, sendo três MW médios em 2009, seis MW médios em 2010 e sete MW médios a partir de 2011. O preço de venda foi de R$ 60,49/MWh, o que irá gerar uma receita de R$ 9,622 milhões a partir de 2011.

Já a usina Cocal II negociou 22 MW médios, dos quais 16 MW médios em 2009 e em 2010 e 22 MW médios a partir de 2011. A preço de venda foi de R$ 61/MWh, o que gera uma receita de R$ 30,363 milhões a partir de 2011.

A terceira usina que negociou energia foi a Ferrari, vendendo seis MW médios, dos quais quatro MW médios em 2009 e 2010; e seis MW médios a partir de 2011. O preço de comercialização foi de R$ 60,76/MWh, o que gera uma receita de R$ 8,258 milhões.

As três térmicas que venderam no leilão usam o bagaço da cana-de-açúcar como combustível. Os empreendimentos estão localizados no Sudeste. A negociação do produto 2009 demorou 22 minutos. O preço inicial foi de R$ 61/Mwh.

De acordo com a CCEE, essas três usinas adicionam 229 MW de potência ao sistema. A negociação do produto 2010 tem previsão de início em três anos.

Fonte: Agência Estado

O despertar da bioeletricidade

14/08/08 - Bioeletricidade é a energia elétrica produzida a partir de biomassa de origem vegetal. A melhor matéria-prima que se conhece hoje para produzir a bioeletricidade é a cana-de-açúcar, seja porque a cana é uma excelente conversora de luz e água em matéria verde via fotossíntese, seja porque dois terços da energia da planta – presentes no bagaço e palha – subutilizados ou desperdiçados ao longo de séculos, só agora começam a ser entendidos e valorizados.

As usinas sucroalcooleiras são autosuficientes em energia. Após o apagão de 2001, a sociedade descobriu que a bioeletricidade é uma fonte adormecida de energia limpa, renovável e sustentável, fartamente disponível no coração do sistema elétrico nacional (estado de São Paulo e seu entorno) nos meses mais secos do ano, de abril a novembro. Estima-se que cada 1.000 MW médios de bioeletricidade injetados no sistema do Sudeste equivalem a aumentar o nível dos reservatórios de água em 4%.

Em 2005, o governo criou os primeiros mecanismos para a contratação de bioeletricidade e uma pequena parcela de produtores resolveu participar dos leilões de energia. Hoje, a capacidade instalada no setor atinge 5.300 MW, dos quais 3.000 MW são injetados na rede elétrica nacional. O número representa ínfimos 3% da matriz elétrica nacional, oferta ainda insignificante frente ao potencial disponível.

Em 2008, uma inédita e iluminada convergência de ações entre a Casa Civil, o Ministério de Minas e Energia, a Empresa de Pesquisa Energética (EPE), a Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL), o Operador Nacional do Sistema (ONS), os Agentes de distribuição e de transmissão e os produtores permitiu a montagem de um primeiro programa de peso para a bioeletricidade. Em menos de um ano, os agentes públicos e privados envolvidos conseguiram solucionar uma imensa lista de obstáculos de financiamento, de licenciamento ambiental e de conexão das usinas na rede elétrica. Estudos de planejamento e otimização de velhas e novas redes elétricas, consultas públicas, reuniões exaustivas, uma gama de decretos e portarias, racionalização de processos, novos procedimentos e marcos regulatórios e, sobretudo, profundas mudanças culturais dos agentes envolvidos, permitiram o despertar dessa extraordinária fonte alternativa de energia elétrica.

Apenas em São Paulo, Minas Gerais, Goiás e Mato Grosso do Sul foram identificados 210 empreendimentos com capacidade instalada potencial de 14.800 MW até 2015 e potencial de exportação de 10.200 MW para o sistema elétrico. Esse potencial, equivalente a uma usina do porte de Itaipu, está hoje adormecido nos canaviais da região.

Contudo, infelizmente apenas 39 empreendimentos que operam com biomassa da cana, e que juntos somam somente 2.800 MW ofereceram as garantias finais para participar do leilão de energia de reserva marcado para o dia de amanhã. As razões para a pequena oferta neste leilão são facilmente identificadas:

• Dependendo da localização do projeto e da configuração geográfica da rede de transmissão existente, os elevados custos de conexão, definidos como responsabilidade dos empreendedores, inviabilizaram a habilitação de muitos projetos;

• Houve uma expressiva elevação dos custos de investimento e operação da cogeração de energia, que praticamente dobraram em relação a 2007. Destacam-se a alta dos preços da terra, dos principais insumos agrícolas, da mão-de-obra, e principalmente do aço (leia-se das máquinas e equipamentos das centrais de cogeração);

• As novas usinas que estão em construção neste momento (greenfields) já foram concebidas para operar com caldeiras de alta eficiência e apresentam, portanto, menor custo operacional. Porém, mais de 60% da biomassa encontra-se em regiões tradicionais de cana, onde predominam usinas muito antigas (retrofits), que precisam trocar caldeiras e fazer grandes reformas estruturais, que geram um maior custo da eletricidade produzida. Além disso, após dois anos de preços baixos de açúcar e etanol, a grande maioria dos produtores não enxergou vantagens econômicas para despertar o 3º produto da cana no leilão de amanhã. É preciso entender que a bioeletricidade não é um subproduto que gera renda adicional para o setor sucroenergético, mas sim um elemento central de garantia da rentabilidade do setor, desde que remuneradora.

Tudo indica que os fatores econômicos continuarão sendo o principal obstáculo para a expansão da oferta de bioeletricidade. O preço inicial do leilão estabelecido pela EPE aparentemente não gerou grande entusiasmo no setor. Entendemos que é fundamental uma revisão dos critérios de precificação da bioeletricidade, de forma a refletir os reais custos de cogeração, reconhecendo as externalidades positivas para a sociedade da produção de energia limpa e renovável, em tempos de mudança climática e aquecimento global.

Com 46% de energia renovável, o Brasil pode se orgulhar de ter uma matriz energética limpa e renovável, movida por água, luz e fotossíntese. Em 2008, a biomassa de cana já será a principal fonte de energia termoelétrica do país (30%), à frente do gás natural, dos derivados de petróleo, da energia nuclear e do carvão mineral. Com ela, o Brasil dependerá menos das chuvas e da escassez de combustíveis fósseis e carvão.

Apesar de insuficiente para efetivamente despertar de vez a bioeletricidade, o leilão de amanhã será um primeiro passo fundamental para tornar a matriz energética brasileira ainda mais limpa e sustentável. Ele servirá como aprendizado para melhorar as condições regulatórias e de precificação deste novo e essencial produto, ainda pouco conhecido. A geração de grandes volumes de biocombustíveis e bioeletricidade a partir da biomassa das plantas tropicais é um processo inexorável. A sua velocidade depende, no entanto, de formuladores de políticas visionários, capazes de antecipar o futuro mudando conceitos e paradigmas.

Marcos Sawaya Jank, presidente da UNICA - 13/08
Fonte: O Estado de S. Paulo

Criado os critérios e padrões internacionais para a produção de biocombustíveis

Após meses de discussões, será divulgada hoje em Lausanne, na Suíça, a primeira minuta com critérios e padrões internacionais que deverão ser seguidos para a produção sustentável de biocombustível - aquele que não derruba florestas, nem contribui com as mudanças do clima e a escassez de alimentos no mundo.

O consenso, visto até pouco tempo como improvável, dado os interesses comerciais e econômicos antagônicos, foi alcançado por mais de 300 empresas, instituições acadêmicas, grupos ambientalistas e agências governamentais que compõem a chamada Mesa Redonda sobre Biocombustíveis Sustentáveis (MRBS). O conselho diretor graúdo dá a dimensão da discussão - entre eles estão Shell, Petrobras, British Petroleum, Bunge e Toyota, além das ONGs WWF e Amigos da Terra-Amazônia Brasileira.

A Mesa Redonda definiu 12 critérios que abrangem desde o uso da água e do solo, segurança alimentar e desenvolvimento social, até emissões de gases-estufa. Esses critérios ficarão em consulta pública por 90 dias, período no qual interessados no assunto poderão fazer comentários. A expectativa é que até o início do próximo ano a versão final do documento seja aprovada.

'Esta é a primeira pedra fundamental de um processo para garantir a sustentabilidade nos biocombustíveis', afirma Roberto Smeraldi, diretor da Amigos da Terra-Amazônia Brasileira, e porta-voz do grupo no país. Ele explica que os critérios não serão compulsórios. 'A idéia é que eles ajudem a abrir mercados para produtores. É voluntário. Mas quem quiser ter biocombustível certificado, terá que passar por isso'.

Como nos demais processos desse tipo (soja e óleo de palma também têm suas mesas redondas), as discussões iniciais que culminaram com o documento foram conflituosas. O ponto mais esperado pelos compradores resultou no terceiro critério, o das emissões dos gases de efeito estufa que superaquecem o planeta. 'De todos os princípios, esse é o que mais se destaca', diz Smeraldi. 'Isso', continua, 'tem a ver com produtividade. Qual as culturas que necessitam mais fertilizantes derivados do petróleo? De que adianta ter um biocombustível que emite tanto ou mais carbono para ser produzido?'. O critério, portanto, é claro: os biocombustíveis devem contribuir para a diminuição desses gases.

Outro ponto polêmico é o uso da terra, no histórico caminho do grão, que empurra o boi, que derruba a mata e acende alertas na Europa. Na última reunião do G-8, em julho, o assunto dominou os encontros. Na ocasião, a Comissão Européia cobrou do Brasil garantia de sustentabilidade do etanol e avisou que o país só avançaria em sua estratégia de transformar o etanol em commodity global se assumisse 'comprometimentos concretos' no combate à mudança climática.

Formada há 18 meses, a Mesa Redonda sobre Biocombustíveis Sustentáveis tinha como objetivo único responder a essas inquietações, criando padrões internacionais que norteassem os produtores. 'Mas notamos que havia desequilíbrios', diz a francesa Geraldine Kutas, assessora internacional da Unica (União da Indústria de Cana-de-Açúcar). 'Não havia nenhum representante de produtores de países em desenvolvimento. Queríamos fazer sugestões a esses critérios. Temos necessidades diferentes'.

Segundo ela, uma das ações da Unica, que aderiu ao grupo apenas em maio, foi lembrar que sustentabilidade significa também a viabilidade econômica. Diz o 11º critério: os projetos de biocombustível deverão implementar um plano de negócios que reflita o comprometimento com eficiência econômica.

O texto que será apresentado hoje é aceitável para os diversos 'stakeholders', diz ela. Após sua aprovação, a Mesa Redonda decidirá se ampliará a atuação como certificadora de selos de sustentabilidade para biocombustíveis, a exemplo do que existe no setor madeireiro. Outra idéia é a criação de escritórios regionais para o desenvolvimento de índices específicos para as realidades dos países. Os produtores terão um tempo - ainda não definido - para se adequar aos critérios.

Bettina Barros, de São Paulo

Fonte:

quarta-feira, agosto 13, 2008

Alternativas aos combustíveis Fósseis

Com o atual aumento nos preços do petróleo, o custo do uso de combustíveis torna-se uma preocupação evidente e a busca de combustíveis alternativos uma questão mais premente.

Embora o desenvolvimento de células de hidrogênio e de outras tecnologias continue a florescer, os vegetais estão sendo utilizados, em todo o mundo, como fonte de combustíveis ecologicamente corretos para abastecimento de carros.

O Brasil tem experimentado combustíveis à base de vegetais para carros, desde a primeira crise do petróleo na década de 1970, quando o país passou a ofertar um combustível mais barato: etanol de Cana-de-açúcar.

O grande pico da utilização dos combustíveis renováveis ocorreu na década de 1980 – chegando a representaram 91 por cento dos carros produzidos no Brasil.

Óleo vegetal pode não ter ser a vanguarda tecnológica, mas a Nasamax, equipe de corrida inglesa, diz que está determinada a demonstrar o alto desempenho dos combustíveis de óleos vegetais.

A equipe Kent-based com seu “carro verde" foi a primeira a operar com combustíveis renováveis, completando o clássico Le Mans 24 horas, em julho.

O porta-voz da equipe, Janice Minton, disse que a utilização de combustíveis alternativos em corridas de enduro provou o seu valor.

Militante ambiental Galês, Daniel Blackburn, percorreu a Grã-Bretanha - a partir de John O'Groats a Land's End - usando um óleo vegetal para alimentar o carro, no ano passado.

Ele disse que os veículos alimentados com combustíveis de origem vegetal são muito melhores para o ambiente do que os com gasolina e o diesel, não vendo quaisquer efeitos negativos em utilizar a alternativa.

"Há um melhor desempenho e uma melhor aceleração com o uso de óleos vegetais ", diz ele.

Durante sua viagem, Blackburn também utilizou, como combustíveis, os óleos reciclados a partir de resíduos de restaurantes locais para abastecer o seu carro, e diz que o cheiro era muito mais agradável do que o da gasolina e diesel.

Existem vários utros exemplos de empresas utilizando os resíduos de óleos comestíveis como combustíveis para automóveis.

Em Hong Kong, os planos são de conversão dos veículos diesel - que são as mais simples para a mudança-, a combustíveis à base de vegetais, utilizando restos de óleos alimentares dos muitos restaurantes da cidade.

A maior parte dos governos, no entanto, têm sido lentos para abraçar esta potencial solução para as emissões de carbono, e estão centrando a sua atenção em outras tecnologias como opções, incluindo a investigação de células de hidrogênio, que está ainda esta nos seus primeiros estágios.

O Presidente americano, George W. Bush, comprometeu US $ 1,2 bilhões para a investigação de células de hidrogênio, mas a sua utilização pública permanece a vários anos de distância.

Colin Matthews, chefe dos Programas de Transportes e Energia para “Londres's Energy Saving Trust”, diz que existe uma grande variedade de fontes de combustível para o uso em transporte no futuro.

GLP, ou gás de petróleo liquefeito, que é um produto de campos de gás natural, possui algumas vantagens em relação ao diesel, diz ele.

Ela produz 12 por cento menos emissões do que o petróleo e pode ser usado como combustível nos carros, depois de uma simples conversão.

Matthews diz que no futuro, as células de hidrogênio iram fornecer uma resposta melhor para os transportes.

Ele considera que esses carros estarão disponíveis comercialmente até 2010. No entanto, ele diz que pode ser em cinco anos, ou um pouco mais, para se tornarem comuns.

"Existe uma diferença entre estar disponíveis comercialmente e comercialmente viável", diz ele.

Londres é uma das 10 cidades européias que, atualmente, testam o hidrogênio como combustível para ônibus, mas o projeto já salientou alguns dos obstáculos comerciais para o rápido desenvolvimento tecnológico.

Embora o financiamento seja subsidiado pela “Energia Trust”, um único ônibus custa $ 1,2 milhões, enquanto que um ônibus normal custa cerca de $ 150.000.

Com tantos combustíveis alternativos disponíveis, a viabilidade da utilização de biocombustíveis tem sido questionada.

Matthews considera que em vez de ter um ou dois tipos de combustíveis dominante, haverá, no futuro, uma "carteira de diferentes combustíveis e tecnologias diferentes."

Fonte CNN

sábado, agosto 09, 2008

Etanol de celulose deve ter incentivos nos países ricos

07/08/08 - Etanol à base de resíduos de madeira e celulose começa a ganhar adeptos nos países ricos, fenômeno que está sendo considerado como uma das novidades no mercado de madeira nas últimas décadas. Diante da controvérsia gerada pelo uso de etanol à base de milho e cereais nos países ricos, governos e investidores passam a olhar com maior atenção, e recursos, ao etanol de celulose.

Hoje, não existe nenhuma usina produzindo etanol de celulose no mundo de forma rentável. Mas um levantamento feito pela FAO e pela ONU aponta que 40 usinas estão em plena construção, com planos de começar a produção a partir de 2011. Grande parte delas - 31 - estão nos Estados Unidos, onde o governo promete incentivos e subsídios para as empresas que desenvolverem o etanol de segunda geração a partir de 2012.

Algumas estimativas apontam que a produção de etanol de celulose poderia atingir entre 50 bilhões e 100 bilhões de litros até 2020. O Canadá distribuirá nos próximos dois anos US$ 1,4 bilhão a empresários que queiram se aventurar no setor. Nos EUA, o apoio é de US$ 1 bilhão.

Na Europa, uma série de iniciativas começam a ganhar forma. A Shell, Daimler e a Volkswagen adquiriram ações da empresa Choren para a produção de 19 milhões de litros de etanol, com 65 mil toneladas de resíduos de madeira. Uma segunda usina começará a ser construída pelo mesmo grupo a partir de 2012. Na Noruega, dois projetos prometem produzir 1 milhão de metros cúbicos de etanol por ano.

Para Ed Pepke, autor do levantamento, as primeiras empresas a partir para esse novo setor serão as papeleiras, que já atuam entre o setor químico e que o de madeira. Segundo ele, já existem provas de laboratório que comprovam a eficiência do combustível tanto para veículos como para aviões.

Mas o plano dos países ricos não pára por ai. Europeus e americanos querem ampliar o uso da madeira para aquecer água e edifícios. Hoje, o comércio de biomassa feita a partir de madeira já chega a 11 milhões de toneladas, o dobro que o que foi registrado em 2003.

O maior exportador é a Alemanha, com 1,4 milhão de toneladas para a Áustria, Holanda, Bélgica e Itália. O segundo maior exportador é o Canadá, com 1,3 milhão de toneladas. Nos últimos meses, a lucratividade do setor é tão grande que os canadenses estão transportando biomassa por mais de 15 mil quilômetros até o mercado europeu.

Fonte:

Biocombustíveis representam menos de 1% da economia global

08/08/08 - Geralmente feitos de milho, cana-de-açúcar, soja e outros produtos agrícolas, os biocombustíveis para automóveis têm sido aclamados como uma panacéia que vai impedir a mudança do clima global, reduzir a dependência em relação aos combustíveis fósseis, assegurar a segurança energética e turbinar as economias agrárias.

Todavia, os biocombustíveis também sofrem denúncias dos críticos que afirmam que eles causarão mais danos ao meio ambiente do que benefícios e que não serão economicamente sustentáveis sem uma proteção governamental.

Para determinar quem está certo, falamos com dezenas de especialistas em organizações governamentais, corporativas, acadêmicas e sem fins lucrativos e revimos os estudos sobre o crescimento e a viabilidade do mercado de biocombustíveis. Baseados nesta pesquisa, exploramos a verdade das hipóteses predominantes a respeito tanto da promessa dos biocombustíveis quanto do seu impacto nos mercados e no meio ambiente.

Percepção: Substituir o petróleo por biocombustíveis vai reduzir substancialmente as emissões de gases causadores do efeito estufa. Realidade: Pelo menos no curto prazo, os biocombustíveis oferecem benefícios mínimos em relação a esses gases.

À primeira vista, os biocombustíveis parecem deixar um rastro de carbono muito menor do que o petróleo porque as plantações voltadas à produção de energia (como todas as plantações) extraem carbono da atmosfera. Na verdade, estudos como o relatório "Biocombustíveis para o Transporte" de 2004 feito pela Agência Internacional de Energia indicam que a economia feita pelos biocombustíveis em relação aos gases do efeito estufa durante o seu ciclo de vida, varia de 20% com o etanol de milho, a 80% ou mais com o etanol da cana-de-açúcar ou etanol celulósico.

Contudo, a economia durante o ciclo de vida não leva em consideração o impacto da terra para agricultura que era, ou também se reverteria em pastagem ou floresta. Desmatar para converter a floresta ou a pastagem em plantações voltadas para a produção de energia resulta em um substancial depósito de dióxido de carbono () na atmosfera. Conseqüentemente, olhando para além no futuro, a esperança ambiental em relação aos biocombustíveis não é uma completa quimera.

Percepção: Os biocombustíveis não são economicamente viáveis como um substituto do petróleo. Realidade: Os biocombustíveis oferecem uma alternativa competitiva ao petróleo.

Embora os custos equilibrados relativos às diferentes tecnologias para a fabricação dos biocombustíveis variem significativamente, no Brasil o etanol da cana-de-açúcar já é comercialmente viável. Hoje, mais de 85% dos carros vendidos no Brasil apresentam motores flex, e o etanol da cana fornece uma porção significativa do pool de combustíveis para veículos com base em seu mérito econômico.

Graças ao grande número de veículos flex, os consumidores podem optar pelo combustível que for mais barato, o que, em última análise, varia com base nos preços relativos do petróleo e do açúcar.
Globalmente, o etanol de milho ainda é muito mais caro que o petróleo e vai continuar sendo até que os preços do petróleo subam mais ou menos 20%.

O etanol celulósico, embora ainda esteja no estágio inicial de desenvolvimento, provavelmente vá se igualar ao petróleo quando aquele estiver em cerca de US$ 55 por barril sem incentivos do governo - cerca de metade do preço do petróleo agora.

Talvez o maior endosso aos biocombustíveis como uma alternativa economicamente viável ao petróleo tenha vindo da própria Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep). Abdalla El-Badri, secretário geral da Opep, mencionou em junho de 2007 que o consórcio estava considerando cortar investimentos em uma nova produção de petróleo, em resposta a movimentações por parte dos países desenvolvidos de criar e usar mais biocombustíveis.

Percepção: Os mercados globais de energia são tão vastos que os biocombustíveis não podem esperar alterar o equilíbrio do fornecimento e da demanda por petróleo. Realidade: Se o fornecimento agrícola se expandir a taxas históricas, os biocombustíveis podem dar uma contribuição significativa ao pool de combustíveis para transportes, resultando em um super fornecimento de petróleo.

Embora os biocombustíveis sejam a melhor e mais econômica esperança por uma alternativa ao petróleo, a produção de biocombustível ainda representa menos de 1% da demanda global total por combustível. Todavia, se as melhorias agrícolas continuarem rápidas, os biocombustíveis podem finalmente se igualar ou superar as exportações atuais da Opep sem comprometer o fornecimento mundial de alimentos.

Com raras exceções, na última metade do século, avanços na reprodução de plantas, estudos do solo e uso de fertilizantes, gerenciamento da água, controle da ervas daninhas e de pestes e desenvolvimento da infra-estrutura têm aumentado a produção das plantações e a produtividade agrícola. A agricultura também produz mais alimentos usando menos trabalho, capital, químicos e terras.

Até 2030, estimamos que as produções das plantações vão aumentar cerca de 55% e que os preços das lavouras voltadas à produção de alimentos terão caído a aproximadamente metade dos níveis de 2005. A essa época, se as previsões em relação aos preços do petróleo feitas pela Agência Internacional de Energia estiverem corretas, esperamos que a produção de biocombustíveis se equilibre de maneira econômica entre 40 e 50 milhões de barris de petróleo por dia, ou cerca de 40% da necessidade global total. Se o suprimento agrícola aumentasse em metade dessa taxa, os volumes de biocombustível cairiam a mais ou menos metade desse nível.

Percepção: As plantações direcionadas aos biocombustíveis vão ocupar o lugar das lavouras destinadas à produção de alimentos, fazendo os preços dos alimentos subirem e o consumo de alimentos cair no mundo em desenvolvimento. Realidade: Se a produção das plantações e a produtividade agrícola melhorarem a taxas históricas, os preços futuros dos alimentos não vão precisar ser mais altos do que são hoje.

Os críticos mantêm que ao longo do tempo a produção de biocombustíveis vai quase certamente ultrapassar a das lavouras destinadas aos alimentos, resultando em uma maior desnutrição em partes mais pobres do mundo, em particular. Esses argumentos são persuasivos, mas os biocombustíveis não podem ser responsabilizados pela aflição dos países em desenvolvimento em relação aos alimentos. Os fazendeiros nesses mercados já estão em desvantagem quando se trata de acessar as práticas agrícolas mais recentes e a informação sobre as melhorias na produção. Além disso, as políticas governamentais, a falta de infra-estrutura, a instabilidade política e importações mais baratas feitas dos Estados Unidos e da Europa deprimem mais as produções das plantações nessas áreas, fazendo com que os consumidores globais percam até 30% de sua produção agrícola potencial hoje.

Substituir o apetite por petróleo pelo gosto por biocombustíveis sem dúvida resultaria no consumo de recursos agrícolas substanciais. Entretanto, há uma terra não-irrigada adicional no mundo disponível para a produção agrícola, de acordo com a FAO (agência da ONU para alimentos e agricultura) e outras autoridades globais.

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sexta-feira, agosto 08, 2008

Novo material vai baratear carro movido a hidrogênio

06/08/08 - Um mundo com energia abundante e "limpa" ficou mais próximo graças a dois estudos publicados na última edição da revista "Science". Os novos trabalhos apontam para um possível futuro com carros mais eficientes e que não emitem gases causadores do efeito estufa.

As descobertas dizem respeito à fabricação das chamadas células de combustível movidas a hidrogênio -uma espécie de bateria que se vale da energia daquele que é um dos elementos químicos mais abundantes da Terra. A conhecida fórmula H2O, afinal, significa que cada molécula de água tem dois átomos de hidrogênio.

Quebrar e juntar o hidrogênio e o oxigênio da água de modo econômico é o grande desafio. A quebra precisa ser feita para produzir o hidrogênio, pois a forma molecular do elemento (H2), que será usado como combustível, praticamente não existe na Terra.

É possível, porém, separar os dois elementos químicos passando uma corrente elétrica no líquido. Faz mais de dois séculos que se conhece esse processo, chamado eletrólise. Para isso são usado dois eletrodos, feitos de metal, um positivo (ânodo) e outro negativo (cátodo).

Esses dispositivos servem não só para quebrar a molécula de água mas também para produzi-la de novo num processo que libera energia. É esse o princípio da célula de combustível. O escapamento de um carro a hidrogênio solta vapor d´água em vez de poluição.

Um dos problemas para tornar a célula de combustível uma tecnologia economicamente viável é que os melhores eletrodos disponíveis precisam de platina, metal raro e caro.

Sem platina

Os dois estudos na "Science", pois, acenam justamente com alternativas baratas à platina.

Novos eletrodos são feitos de materiais comuns ligados a compostos "catalisadores", que quebram a molécula da água produzindo os gases hidrogênio e oxigênio (H2 e O2).

A equipe de Daniel Nocera, do MIT (Instituto de Tecnologia de Massachusetts), conseguiu produzir oxigênio usando catalisadores baseados em elementos comuns, como fósforo e cobalto. Ele usou um eletrodo de vidro condutor em água contendo cobalto e fosfatos.

Sob corrente elétrica, uma camada fina escura se formou em torno do eletrodo, de onde surgiam bolhas de oxigênio.

Falta ainda, claro, um meio semelhante de produzir o hidrogênio, e uma fonte de energia para alimentar a eletrólise. Para isso, Nocera sugere o Sol.

Uma hora da luz solar que atinge a Terra seria suficiente para suprir as necessidades de energia de todo o planeta por um ano. Nocera diz acreditar que em uma década será possível suprir a demanda elétrica de uma residência com energia solar, armazenando-se o excesso nas células de combustível.

No segundo estudo, o grupo de Bjorn Winther-Jensen da Universidade Monash, de Clayton (Austrália), atuou na outra ponta do processo: usar o hidrogênio para gerar a energia dos motores para carros. Para isso, criou um eletrodo de materiais orgânicos, um deles o tecido plástico poroso goretex.

A união de outro plástico condutor de eletricidade com o goretex já permitiria criar células de combustível para uso em veículos, diz o cientista.

O goretex é um tecido "respirável". Em roupas, permite a passagem de vapor, mas bloqueia água em estado líquido -o que permite a saída do suor do corpo. No motor a hidrogênio, outro plástico misturado ao goretex poderia servir de eletrodo, e o material composto permitiria à célula de combustível "transpirar" também.

Segundo Winther-Jensen, substituir a platina é importante não apenas por causa de seu alto preço. A produção mundial desse metal não será suficiente nem para 5% da frota mundial de veículos caso o mundo pretenda trocar a gasolina pelo hidrogênio no futuro.

Fonte: - Ricardo Bonalume Neto
Da Agência

quinta-feira, agosto 07, 2008

Brasil está dormindo no ponto na área de biocombustíveis

23/07/2008 "O Brasil está dormindo em berço esplêndido, confortável com sua pseudoliderança na oferta de biocombustíveis para o mundo e exibindo os louros de uma história que não exigiu muita inovação tecnológica. Enquanto isso, o país já vem perdendo competitividade", afirma o professor Weber Antonio Neves do Amaral, da Esalq/USP, que até a semana passada era o diretor executivo do Pólo Nacional de Biocombustíveis, em Piracicaba.

Os movimentos da indústria do petróleo

Enquanto se enaltece o etanol como a commodity capaz de transformar o Brasil em potência dos biocombustíveis - sobretudo se aproveitado o bagaço da cana -, Weber Amaral recorre a um fato recente para sustentar sua hipótese de que estamos marcando passo: a compra pela BP (Beyond Petroleum, ex-British Petroleum) de 50% das ações dos novos negócios da usina Santa Elisa, o grupo sucroalcooleiro que mais investe em inovação. "A BP vai trazer pesquisadores de um centro de excelência em etanol de segunda geração. O foco será justamente o bagaço da cana, que eles já estudam nos Estados Unidos".

Segundo o professor da USP, este centro se chama Energy Biosciences Institute (EBI), da Universidade de Berkeley, criado para desenvolver pesquisas em biomassas com US$ 600 milhões da BP - Beyond Petroleum, aliás, significa "além do petróleo". "Berkeley venceu a concorrência internacional promovida pela companhia por ter reunido um grupo multidisciplinar e consistente de pesquisadores. Eles vão ocupar um espaço onde estamos muito pouco organizados".

Denvolvimento das energias renováveis

Na 60ª reunião da SBPC, Amaral deu conferência sobre o papel da pesquisa e inovação tecnológica para o desenvolvimento das energias renováveis, com base em pesquisas realizadas no Pólo de Biocombustíveis da Esalq, que envolvem quatro grandes cadeias produtivas: a do etanol a partir da cana, as diferentes matérias-primas para produção de biodiesel, as biomassas energéticas de atividades florestais e a produção de biogás.

O pesquisador observa que a inovação tecnológica exige uma visão integrada da cadeia. "De nada adianta ser competitivo na oferta da biomassa se não somos competitivos na sua conversão ou na distribuição do combustível. Quando se deixa de inovar, caímos na síndrome da auto-suficiência, nos acomodando em suprir de equipamentos, bens e serviços a indústria sucroalcooleira. Mas em termos de engenharia de processos e de tecnologias de conversão, especialmente quanto à segunda geração de biocombustíveis, vamos perdendo competitividade".

Lei dos rendimentos decrescentes

Weber Amaral afirma que já se atingiu um patamar tecnológico que permite custos baixíssimos do etanol brasileiro - variando entre US$ 0,32 e US$ 0,38 -, mas atenta que será bastante difícil diminuí-los. "Eles estão muito próximos do custo 'ótimo' de produtividade.

Por outro lado, há o aumento do preço da terra e dos custos de produção agrícola - especialmente devido ao uso de insumos derivados do petróleo, que está em 140 dólares e pode chegar a 200 no final do ano. É um cenário que ameaça a competitividade do etanol, que é o trunfo do Brasil".

Biologia sintética

O professor acrescenta que, se houve 30 anos de investimentos no programa de desenvolvimento do álcool, o mesmo não acontece com a área de biodiesel, onde ainda não se consegue ganhar em escala, devido aos elevados custos de produção. "Os custos superiores ao do diesel na bomba, impedem novos investimentos, inclusive em inovação tecnológica. Enquanto isso, nos Estados Unidos e na Europa, exercícios de inovação que já estão viabilizando combustíveis sintéticos a 8 ou 9 centavos de dólar. Até dez anos atrás, era impensável que o sintético pudesse competir com o nosso etanol".

Nesta linha, Weber lembra outro exemplo da Universidade de Berkeley, onde três pós-doutorandos de biologia sintética captaram US$ 120 milhões na iniciativa privada para isolar uma bactéria capaz de produzir um composto (hidrocarboneto) bastante semelhante ao diesel. "Os três jovens criaram uma empresa que em dois anos será de capital aberto, mas cujo valor atual de mercado já é de US$ 200 milhões".

Investimentos globais em energias renováveis

A tendência de alocação de investimentos globais em energias renováveis, na visão do pesquisador, é de que eles chegarão a US$ 100 bilhões em 2010, o que representam 15% do total de recursos em P&D. "O Brasil investe apenas 1,1% do seu PIB em inovação, contra 3,4% da Alemanha, 3,1% da França e 1,5% da Espanha. Fragmentando o 1,1%, veremos que apenas 31% vêm de empresas e a maior parte de transnacionais, que não geram inovação, apenas adaptam tecnologias desenvolvidas lá fora".

Na opinião de Weber Amaral, o Brasil deve construir quatro pilares essenciais para a competitividade do etanol: a construção de um mercado global, já que os biocombustíveis representam apenas 4% do total de combustíveis consumido no planeta; a expansão da capacidade de produção em bases sustentáveis - e assegurando terras para cultivo de alimentos -, o que será requisito para abertura de mercados; aprimorar as análises do ciclo de vida da cana, removendo os gargalos na agricultura; e redimensionar o papel da inovação tecnológica.

Capital intelectual

O pesquisador da Esalq enaltece o esforço da Fapesp, que há duas semanas anunciou a liberação de R$ 160 milhões - a metade dos recursos vinda do setor privado - para a consolidação de uma agenda de pesquisas em bioenergia. "Mesmo que os recursos sejam significativamente menores que dos Estados Unidos ou da União Européia, dar continuidade à pesquisa é fundamental. Também precisamos criar a cultura da interação entre academia, setor privado e governo, em que todos conversem com todos, gerando conhecimento, capital e recursos humanos".

Weber Amaral informa que seu grupo na Esalq fez um levantamento dos anúncios publicados nas revistas Nature e Science, com a oferta de vagas de professores permanentes nas universidades americanas. "Para cada vaga, a universidade reserva uma média de US$ 3 milhões que custearão toda a carreira do pesquisador. Nos últimos dois anos, somente para a área de bioenergia, foram oferecidas 650 vagas, o que totaliza US$ 1,8 bilhão em capital humano. É por isso que insisto na hipótese de que estamos acomodados numa pseudoliderança em biocombustíveis".

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Os veículos flex já são 87,6% das vendas

As vendas de veículos bicombustíveis aumentaram novamente em julho, com 238.958 unidades. Segundo a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores, em junho tinham sido vendidas 212.533 unidades e em julho de 2007, 182.174 veículos. Com isso, as vendas cresceram 12,4% em relação a junho e de 31,7% comparado a julho do ano passado. Os veículos flex já são 87,6% das vendas.

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quarta-feira, agosto 06, 2008

Etanol de celulose ganha espaço

SÃO PAULO, 6 de agosto de 2008 - O etanol à base de resíduos de madeira e celulose começa a ganhar adeptos nos países ricos, fenômeno que está sendo considerado como uma das principais novidades no mercado de madeira nas últimas décadas. Ante a controvérsia provocada pelo uso de etanol à base de milho e cereais nos países ricos, governos e investidores passam a olhar com maior atenção, e recursos, o etanol celulósico .

Hoje, não existe nenhuma usina produzindo etanol de celulose no mundo de forma rentável. Mas um levantamento da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) e da ONU aponta que 40 usinas estão em plena construção, com planos de começar a produção a partir de 2011. Grande parte delas (31) estão nos Estados Unidos, onde o governo promete incentivos e subsídios para as empresas que desenvolverem o etanol de segunda geração a partir de 2012.

Algumas estimativas apontam que a produção de etanol de celulose poderia atingir entre 50 bilhões e 100 bilhões de litros até 2020. Para isso, vários governos não estão economizando incentivos. O Canadá já distribuirá nos próximos dois anos US$ 1,4 bilhão a empresários que queiram se aventurar no setor. Nos EStados Unidos, o apoio é de US$ 1 bilhão.

Na Europa, uma série de iniciativas começam a ganhar forma. Shell, Daimler e Volkswagen adquiriram ações da empresa Choren para a produção de 19 milhões de litros de etanol, com 65 mil toneladas de resíduos de madeira. Uma segunda usina começará a ser construída pelo mesmo grupo a partir de 2012. Na Noruega, dois projetos prometem produzir 1 milhão de metros cúbicos de etanol por ano.

Para Ed Pepke, autor do levantamento, as primeiras empresas a partir para esse novo setor serão as papeleiras, que já atuam entre o setor químico e o de madeira. Segundo ele, já existem provas de laboratório que comprovam a eficiência do combustível tanto para veículos como para aviões.

Mas o plano dos países ricos não pára por aí. Europeus e americanos querem ampliar o uso da madeira para aquecer água e edifícios. Hoje, o comércio de biomassa feita a partir de madeira já chega a 11 milhões de toneladas, o dobro do que foi registrado em 2003. O maior exportador é a Alemanha, com 1,4 milhão de toneladas.

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terça-feira, agosto 05, 2008

Reação química na água abre o caminho para biocombustíveis de segunda geração

29/07/08 - Pesquisadores chineses abriram definitivamente os caminhos para os biocombustíveis de segunda geração - aqueles que não competem com a produção de alimentos - ao descobrir uma reação que quebra a lignina da madeira, criando os compostos químicos básicos para produção dos biocombustíveis.

Quebra da lignina

A lignina é uma molécula complexa que mantém unidas as fibras da madeira, sendo o segundo polímero natural mais abundante depois da celulose. As reações conhecidas até hoje quebram a lignina de forma imprevisível, gerando uma grande gama de compostos químicos, sendo apenas alguns deles úteis para a produção dos biocombustíveis.

A lignina contém ligações carbono-oxigênio-carbono que unem pequenas cadeias de hidrocarbonos. A chave para a quebra da lignina é justamente quebrar essas ligações C-O-C, liberando os hidrocarbonos menores, que podem então ser tratados para produzir alcanos e álcool.

Quebra molecular seletiva

Mas a coisa não é tão simples, porque existem ligações C-O-C também dentro dos pequenos hidrocarbonos, que devem ser mantidas intactas, sob pena de inviabilizar a produção de álcool.

O método, desenvolvido pela equipe do Dr. Yuan Kou, da Universidade de Pequim, utiliza água pressurizada sob alta temperatura para alcançar esse equilíbrio delicado.

Biocombustíveis da madeira

Os pesquisadores fizeram seus primeiros testes com pó-de-serra, o resíduo gerado pela indústria madeireira. Mas virtualmente qualquer biomassa vegetal poderá ser tratada com a nova técnica.

Sob condições ideais, é teoricamente possível produzir monômeros e dímeros com rendimentos de 44 a 56% e de 28 a 29%, respectivamente, em termos de peso. Testando várias combinações de catalisadores e aditivos orgânicos, os cientistas chineses aproximaram-se muito desses níveis teóricos, obtendo 45% de monômeros e 12% de dímeros - o dobro do que já havia sido alcançado anteriormente.

Depois que a água é esfriada, os óleos separam-se dela naturalmente, resultando em três componentes: alcanos com oito ou nove átomos de carbono, adequados para a produção de gasolina, alcanos com 12 a 18 átomos de carbono, adequados para a produção de diesel, e metanol.

Aprimoramento do processo

Agora os pesquisadores planejam trabalhar na simplificação da técnica para torná-la economicamente viável. O processo demonstrado exige que a água esteja em um estado chamado de quase-crítico, com temperaturas entre 250 e 300º C e uma pressão ao redor de 7.000 kilopascals.

Fonte: Site Inovação Tecnológica

Chineses descobrem como fazer biogás da palha de arroz

Cientistas chineses descobriram como extrair biogás da palha de arroz, que é descartada após a colheita dos grãos.[Imagem: Wikimedia Commons]

Diante do crescente movimento contrário aos biocombustíveis, responsabilizados pela alta no preço dos alimentos, a solução encontrada por pesquisadores chineses parece soar como uma revanche: eles descobriram como produzir biogás a partir da palha de arroz, ou seja, aproveitando um rejeito da produção de alimentos.

Alternativa chinesa

O aproveitamento desse rejeito agrícola poderá criar para a China - o maior produtor mundial de arroz - uma alternativa ao petróleo semelhante à que o Brasil alcançou, com o etanol a partir da cana-de-açúcar.

Aproveitamento da palha de arroz

A equipe do Dr. Xiujin Li, da Universidade de Pequim, aprimorou uma técnica que aumentou a produção do biogás a partir da palha de arroz em 65%. Segundo seus cálculos, a China dispõe de 230 milhões de toneladas de palha de arroz por ano, descartadas após a colheita dos grãos, que poderão ser convertida em biogás.

A palha de arroz não vinha sendo aproveitada para a produção de biocombustíveis até agora porque a celulose não é facilmente quebrada pelas bactérias, devido à complexa estrutura física e química da biomassa ligninocelulósica.

Pré-tratamento

A equipe do Dr. Li resolveu o problema tratando a palha de arroz com hidróxido de sódio antes de fermentá-la. Esse pré-tratamento aumentou o rendimento da biomassa ao gerar mais celulose e outros compostos que podem ser digeridos pelas bactérias, que liberam o gás ao se alimentar.

Os pesquisadores já construíram três protótipos e agora estão analisando a viabilidade econômica do processo.

Fonte: Inovação Tecnológica

Bibliografia:
Physiochemical Characterization of Rice Straw Pretreated with Sodium Hydroxide...
Yanfeng He, Yunzhi Pang, Yanping Liu, Xiujin Li, Kuisheng Wang
Energy & Fuels
June 2008
Vol.: ASAP Article
DOI: 10.1021/ef8000967

Biocombustível é desafio do Governo

05/08/08 - Um dos desafios do Governo Federal é o investimento em biocombustível como energia alternativa no País. De acordo com a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), no Brasil, as fontes energéticas são formadas por: hídrica (69%), térmica (16%), renovável (6%), nuclear (2%) e importações (8%). O Brasil utiliza 45% de energia proveniente de fontes renováveis. “Apesar de ainda ser pouco, a média no mundo é de 14% de utilização de energia renovável e 86% não renovável”, comparou o coordenador geral da Representação Regional do Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT) no Nordeste, Ivon Fittipaldi.

O Governo Federal, através do MCT e de outras fontes, tem em caixa R$ 41,2 bilhões para serem investidos até 2011 dentro do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) da Ciência. Porém, é preciso destravar os recursos para que cheguem às atividades propostas. De acordo com Fittipaldi, apesar do “grande esforço”, o ministério não tem o controle sobre os recursos. “Enquanto o Brasil não tiver autonomia de recursos, vamos continuar a passos de tartaruga”, afirmou.

Dentre as matrizes para a energia renovável, o representante do MCT destacou o etanol, produzido com a cana-de-açúcar. Entre os anos de 1997 e 2005, o crescimento da produção do insumo no Nordeste cresceu 12,5%, enquanto a média nacional foi de 7,3%. O Sudeste apresentou um incremento de 4,9%. “O Nordeste apresentou uma grande melhoria na produtividade”, disse.

De acordo com dados do Sindicato da Indústria do Açúcar e do Álcool de Pernambuco (Sindaçúcar-PE), a previsão da safra 2008/2009 em Pernambuco deve atingir 20,8 milhões de toneladas de cana-de-açúcar com cerca de 562 mil metros cúbicos de etanol e em torno de 1,7 milhão de toneladas de açúcar.

Kele Gualberto
Fonte: Folha de Pernambuco

China quase na liderança das energias renováveis

A China está à beira de liderar o ranking mundial de utilizadores de energias renováveis, o que poderá acontecer já em 2009. A Alemanha é o único país que investiu mais em tecnologias com baixo teor de carbono em 2007.

A conclusão, divulgada ontem, resulta do estudo sobre o clima "Revolução limpa da China" e contraria as críticas de que os chineses têm sido alvo, e que dão conta da má qualidade do ar que de Pequim, cidade palco dos Jogos Olímpicos, que começam já no próximo sábado.

O relatório reúne os dados mais recentes sobre o sector das energias renováveis do país. Changhua Wu, co-autor do estudo, afirmou que a rapidez com que a China investiu em energias renováveis deve-se ao facto de este Governo ter percebido que o modelo ocidental de industrialização é insustentável.

"A China enfrenta os mesmos problemas que enfrentou o Ocidente durante a sua revolução industrial e consequente crescimento: poluição, danos ambientais, esgotamento dos recursos", explicou o investigador à BBC News. "Internamente, estamos a conter-nos em muitos aspectos, porque não temos muitos recursos naturais. Dependemos cada vez mais dos mercados internacionais, daí a nossa preocupação".

O abastecimento de energia é uma incerteza no futuro. Com o preço petróleo a bater novos recordes, a aposta em tecnologias renováveis é a melhor opção.

Fonte: Jornal de Negócios - Portugal

Brasil é protagonista da geração de energia limpa e renovável

Os biocombustíveis passaram a receber atenção crescente a partir das preocupações com as mudanças climáticas e com a alta dos preços do petróleo. O mercado internacional ainda é incipiente e são comercializadas pequenas parcelas da produção mundial. O Brasil já é considerado como um dos principais atores no cenário mundial por possuir uma matriz energética bastante limpa e renovável, em grande parte por conta da cana-de-açúcar.

A gestão do setor de açúcar e álcool passou para o Departamento de Cana-de-açúcar e Agroenergia, do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), em 1999. Antes disso, o responsável pela gestão do setor foi o Instituto do Açúcar e do Álcool (IAA), extinto no início da década de 90. Com a desregulamentação da economia e eliminação do IAA, o estado adotou o papel de regulador, perdendo o caráter interventivo e, então, se observou grande progresso do ramo sucroalcooleiro. Hoje, o governo e entidades privadas coordenam e promovem o desenvolvimento do setor.

O Mapa, em articulação com outros órgãos de governo, tem colaborado para disseminar a experiência brasileira na produção e uso de álcool como combustível. No âmbito interno, promove debates com o setor por meio da Câmara Setorial e na participação ativa de discussões na Casa Civil e foros específicos. Vale ressaltar que desde 2006 a política do setor sucroalcooleiro está pautada pelo Plano Nacional de Agroenergia.

O Zoneamento Agroecológico da Cana-de-açúcar (ZaeCana), um estudo coordenado pelo Mapa, será um instrumento importante na implementação das políticas públicas para o desenvolvimento sustentável do setor sucroalcooleiro. Com o Zoneamento será possível recomendar as áreas indicadas para a expansão da plantação de cana.

Economia - A beterraba e a cana-de-açúcar são as matérias-primas mais usadas para fabricação do açúcar. A cana se mostrou mais eficiente para a produção deste alimento e o Brasil, por seus aspectos físicos, apresenta as melhores condições para produzir açúcar de cana.

O açúcar é uma das commodities mais tradicionais do mundo. Por conta disso, o Brasil, maior produtor mundial, ocupa entre 40 e 45% do mercado internacional nos últimos quatro anos.

A colheita total da safra em 2008 também é a maior da história, estimada em torno de 620 milhões de toneladas, em 7,8 milhões de hectares, o que representa 2,8% da área cultivada do País. Estimulada pela forte expansão do álcool no mercado e pelas perspectivas de crescimento nas exportações, a indústria brasileira vai moer em torno de 569 milhões de toneladas de
cana-de-açúcar em 2008, sendo 316 milhões para a fabricação do combustível e 253 milhões de toneladas para o açúcar. Além da quantidade da matéria-prima transformada pela indústria, serão destinadas para outros fins, como sementes e mudas, cachaça, rapadura e alimentação animal, 50 milhões de toneladas de cana.

A região centro-sul é responsável por cerca de 90% da produção total de cana. Pela projeção da Conab, o Brasil vai fabricar neste ano em torno de 27 bilhões de litros de álcool. Desses, 4,2 bilhões de litros deverão ser exportados, a maioria (2,5 bilhões de litros) para os Estados Unidos. No Brasil, já são mais de 5 milhões de veículos flex-fuel em circulação.

Cultivares – A exploração canavieira teve início com a espécie Saccharum officinarum, mas o aparecimento de doenças e pragas fez com que se desenvolvessem variedades de plantas mais resistentes. Os trabalhos de melhoramento prosseguem até os dias atuais e conferem uma mistura das cinco espécies originais, além de cultivares ou variedades híbridas.


Fonte: MAPA

Do:

Nova matriz energética está plantada nos campos

O grande potencial do Brasil para a produção de biocombustíveis levou o País a ser convidado para uma reunião da poderosa Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep), realizada recentemente na Arábia Saudita.

O secretário de Petróleo, Gás e Combustíveis do Ministério das Minas e Energia, José Lima, destacando a importância dos biocombustíveis como matriz energética de grande viabilidade, diz que, na opinião dele, a capacidade do Brasil gerar energia através de fontes renováveis é o principal motivo de o Brasil ser conduzido à Opep, e não necessariamente a posição de destaque que o País ocupa em termos de produção petrolífera. “Temos recebido equipes técnicas de várias partes do mundo para saber mais sobre a tecnologia empregada. Por que esse interesse? Porque temos a melhor matriz energética em termos de renovabilidade”. A combinação dos fatores sol (que gera calor) e abundância de áreas agricultáveis contribui para a produção dos biocombustíveis em solo brasileiro.

Para embasar o posicionamento em relação à viabilidade técnica dos combustíveis originados de fontes renováveis, José Lima destacou a tecnologia genuinamente brasileira de veículos do tipo “flex”, movidos a álcool e gasolina, e o crescimento da produção e venda desses modelos. De 2003 a 2008, mais de cinco milhões de carros vendidos no Brasil rodam com os dois combustíveis.

No ano passado, 86% dos veículos comercializados, foram “flex”, com ênfase para as vendas realizadas no mês de dezembro. Dez montadoras instaladas no Brasil produzem pelo menos 100 modelos diferentes, que têm em comum a capacidade de funcionar a álcool e gasolina. Mesmo diante dessa realidade, o Brasil é acusado pelos países desenvolvidos de ser um dos responsáveis pela crise mundial de alimentos. “O governo chamou quase todos os países do mundo para desmistificar esses equívocos. Em novembro de 2008, será realizado um amplo evento sobre biocombustíveis”.

O secretário enfatisa que a intenção do encontro será mostrar que a produção de biocombustíveis favorece a segurança alimentar, ao estruturar e desenvolver a agricultura, gerando renda de forma sustentada; ao mesmo tempo em que contribui para mitigar os efeitos climáticos, por ser muito menos poluente do que os combustíveis fósseis. Durante a palestra, ele mostrou números que reforçam essa tese.

“O Brasil expandiu 36% da área plantada e quase triplicou sua produção agrícola”, compara. José Lima acredita que a produção de grãos para alimentos cresceu proporcionalmente à oferta de grãos para biocombustíveis. Quando ele fala em matriz energética renovável, não se refere apenas ao plantio de cana para produção do etanol (o álcool para combustíveis, que no Rio Grande do Norte gera 50 milhões de litros por ano, produção muito abaixo do consumo, estimado em 137 milhões de litros por ano.

No contexto das políticas brasileiras para produção de combustíveis renováveis, o secretário destacou a produção do biodiesel e a legislação que obriga a composição do diesel mineral com óleo vegetal. Através da lei federal 11.097/2005, nos dois primeiros anos, a mistura era facultativa. Depois passou a ser obrigatória, para 2%, e a partir de 2013, deve compor 5% do diesel.

O grande desafio proposto pelo palestrante, no que diz respeito ao RN, é o plantio de oleaginosas para geração do biodiesel em áreas utilizadas para o plantio da cana, durante o período de rotação (pausa recomenda para evitar perda de nutrientes do solo).

“Se for utilizada somente 20% da área plantada para produção de etanol, seriam gerados 3,6 milhões de litros por ano de biodiesel, ou seja, 335 da demanda somente com a rotação da cana”.

No entanto, José Lima destacou que a proposta é apenas uma sugestão que deve ser estudada com rigor. Quando se referiu a pesquisas, ele citou que o relacionamento entre a Petrobrás e a UFRN foi adotado pela empresa como modelo para outras universidades.

Fonte: Tribuna do Norte

sexta-feira, agosto 01, 2008

Deselegância útil (Antônio Delfim Netto)

O ESCANDALOSO desabafo "espontâneo" (provavelmente bem meditado) do ilustre ministro Celso Amorim em Doha tinha, na sua deselegância estudada, mensagens importantes que não deveriam ser ignoradas com o "tomamos boa nota" diplomático. Primeiro, para os críticos europeus do nosso programa de biocombustíveis e, segundo, para nossos parceiros que fingem ser "economia de mercado".
Como é claro, não existe qualquer altruísmo em Doha. Toda a defesa da absoluta liberdade de comércio apoiada na hipótese que ela gera o aumento do bem-estar da humanidade esconde o egoístico objetivo de cada país de conseguir suas autonomias energética e alimentar, fortemente ameaçadas pela perspectiva do declínio da produção mundial de petróleo. A produção de petróleo nos EUA aparentemente atingiu o seu máximo em torno de 1970, como havia sido previsto por Hubbert em 1956.

Hoje, os mágicos que estimam a data daquele máximo para o mundo contam-se às dezenas (inclusive o próprio Hubbert). Todos sugerem que será entre 2015 e 2030, mas há séria controvérsia produzida pelo avanço das tecnologias e pelas descobertas insuspeitadas há dez anos (como é o caso do pré-sal brasileiro e do Ártico). De qualquer forma, a situação é assustadora. Se a humanidade não encontrar um substituto para a energia extraída do petróleo, haverá pela primeira vez na história uma regressão do crescimento e do seu bem-estar material, porque a energia e os subprodutos do petróleo são fatores ubíquos em toda a produção de bens e serviços que ela consome.

Isso revela o cinismo da Europa, o mais antigo e maior produtor de biodiesel do mundo (de colza) e recente produtor de etanol de cereais e beterraba que, efetivamente, comprometem a disponibilidade alimentar. Escondem tal fato criticando a produção de etanol de cana, que ajuda a aumentar a produção de alimentos. A China também fez suas insinuações, mas produz etanol (de milho, arroz e mandioca) e biodiesel (de vegetais oleosos), reduzindo a oferta de alimentos.

Os EUA têm, pelo menos, a coragem de reconhecer abertamente que não prestam atenção ao custo do etanol de milho: querem de volta a autonomia energética perdida, mesmo que isso adicione um pouco mais desequilíbrio na oferta mundial de alimentos (que os europeus, a China, a Índia e outros países também estão fazendo).

O Brasil é a grande exceção. No caso de alguns de nossos "parceiros", a situação foi ainda agravada pelo estabelecimento de impostos de exportação, não apenas sobre os produtos finais, mas sobre os fertilizantes, como é o caso da China, que explora, assim, seu poder de monopólio. A "deselegância" programada do ministro tinha, pois, as suas razões... Antônio Delfim Netto é economista, professor universitário e político brasileiro


Antonio Delfim Netto é professor emérito da FEA-USP, ex-ministro da Fazenda, Agricultura e Planejamento.

Publicação: 30/07/2008 10:51
Fonte: - SP

Do:

Biocombustível não ameaça produção de alimentos

31/07/08 - Para explicar a alta do preço de alimentos no mundo, o argumento mais comum é jogar a culpa na produção de biocombustíveis. Ou seja, a oferta de comida teria diminuído em decorrência da redução de áreas agriculturáveis para o setor, levando a uma inflação nas gôndolas dos supermercados. No entanto, um estudo feito na Universidade de Brasília (UnB) mostra que essa explicação está equivocada, pois os dois setores convivem perfeitamente, sem que um afete a produção do outro.

Para que houvesse prejuízo à disponibilidade de alimentos no Brasil, as estatísticas deveriam apontar queda nas safras. Mas o que vem acontecendo é exatamente o contrário. A produção agroalimentar tem aumentado sem precisar de novas terras, deixando disponíveis espaços para o avanço do plantio de matéria-prima para os biocombustíveis.

Veja a Matéria aqui

Fonte: UnB

Da Agência

A crise do petróleo e os biocombustíveis

28/07/08 - É preciso conter a escalada dos preços do petróleo. Essa foi a principal conclusão do fórum que, mês passado, reuniu em Jeddah, na Arábia Saudita, ministros de Energia, líderes e dirigentes das maiores companhias petrolíferas do mundo.

Por designação do presidente Lula, chefiei a delegação brasileira nesse encontro de emergência, no qual o Brasil foi reconhecido como player importante no mercado mundial.

Nos dois choques do petróleo, em 1973 e 1979, o Brasil sofreu o impacto da elevação dos preços, principalmente porque havia uma forte dependência, materializada na importação de 80% do óleo bruto então consumido no país.

A partir do novo patamar de preços e das necessidades de crescimento econômico e desenvolvimento industrial, o país adotou duas grandes estratégias para contornar a crise: investimentos para aumento da produção doméstica de petróleo e implementação do Proálcool, o maior e mais bem-sucedido programa de substituição de combustíveis derivados de petróleo do mundo.

Hoje, a matriz energética brasileira é a que conta com a maior participação de energias renováveis -um exemplo de sustentabilidade.

Segundo a Opep (Organização dos Países Exportadores de Petróleo), os preços do petróleo podem alcançar, em breve, US$ 200 o barril, e muitos analistas acreditam que ele nunca mais será inferior a US$ 100.

Quais as conseqüências desse novo patamar? Para o Brasil, o grau de dependência é infinitamente inferior àquele verificado nas décadas de 1970 e 1980, o que nos permite afirmar que, com uma política energética adequada, poderemos enfrentar os desafios do futuro.

Mas, se os preços atuais se mantiverem, haverá recessão em muitos países por causa do impacto dos preços dos energéticos na economia, inclusive nos preços dos alimentos. Aumentará a necessidade de políticas de conservação de energia, de ampliação da fronteira de prospecção e aproveitamento das reservas existentes e, principalmente, da busca por fontes renováveis de energia. Esta é a mais poderosa arma no combate à escalada de preços das commodities agrícolas.

É impressionante e inaceitável que, nesse contexto, o Brasil tenha que defender sua política de produção e uso de biocombustíveis contra críticas acirradas e, por vezes, insanas, que se valem do conceito de sustentabilidade para esconder razões menos nobres. Sustentabilidade abrange aspectos sociais, econômicos e ambientais.

Quanto ao aspecto econômico, o Brasil é reconhecido como o produtor mais competitivo de biocombustíveis. O etanol da cana-de-açúcar compete com a gasolina em uma cadeia de preços livres de subsídios.

Na área social, o cultivo da cana-de-açúcar e de oleaginosas na produção de etanol e biodiesel contribui para a geração de empregos sustentados no campo. No caso do etanol, mais de 1 milhão de empregos diretos são gerados. No caso do biodiesel, mais de 100 mil famílias de pequenos agricultores participam do processo produtivo.

A questão ambiental é muito importante. Os biocombustíveis são instrumentos valiosos na redução da emissão de CO2 na atmosfera.

Se considerarmos o consumo dos combustíveis por veículos leves entre 1970 e 2007, constatamos que, com a utilização do álcool, tivemos uma economia efetiva acumulada de 854 milhões de barris equivalentes de petróleo, o que representa 15 meses da produção nacional de petróleo (1,9 milhão de barris/dia) ou, ainda, a cinco anos do consumo de combustíveis em veículos leves no Brasil.

Se incluirmos nesse cálculo o volume de etanol que substituiu a gasolina exportada pelo Brasil no período, considerando que a demanda energética foi suprida pelo etanol, teremos economizado quase 1,25 bilhão de barris equivalentes de petróleo.

Nesse período, a utilização do álcool como combustível, puro ou misturado à gasolina, evitou a emissão de 800 milhões de toneladas de CO2.

Na reunião de Jeddah, os líderes e os ministros de 36 nações concordaram que a transparência e a regulação dos mercados financeiros devem ser aprimoradas para frear a especulação financeira.

Resta agora reconhecer a importância dos biocombustíveis no processo de desenvolvimento de uma nova matriz energética sustentável para o mundo. Trata-se de fator estratégico que deve ser reconhecido não como antagônico à indústria do petróleo, mas como um elemento que agrega valor ambiental aos combustíveis fósseis, tornando-os menos danosos ao planeta. O Brasil está decidido a compartilhar sua expertise nesse campo e não fugirá ao desafio que as mudanças climáticas impõem.

Edison Lobão - ministro de Minas e Energia
Fonte:

Da Agência

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Lobão defende biocombustíveis como exemplo

Biocombustíveis fortalecem economia e reduzem emissão de gases

28/07/08 - A produção e utilização de biocombustíveis trazem vantagens múltiplas, principalmente devido à redução considerável dos efeitos nocivos ao ambiente, ao contrário de outro tipo de combustíveis. Para além de constituir um valor acrescentado para a economia de qualquer país que enverede pela via da industrialização desse tipo de combustível.

O especialista brasileiro em biocombustíveis, Nelson Furtado, avançou no dia 22 do mês em curso, durante uma conferência de alto nível realizada na Escola Nacional de Administração (ENAD), algumas dessas vantagens.

De entre elas, exemplificou o consumo equivalente ao gasóleo, o facto de ser mil vezes menos emissor de óxidos de enxofre, cinquenta por cento menos emissor de fumaça negra, 78% menos emissor de gases de efeito estufa, ter maior lubricidade, que aumenta a vida útil do motor, ser mais biodegradável do que o açúcar e menos venenoso do que o sal de cozinha.

Durante a sua apresentação, Nelson Furtado lembrou quais as matérias-primas utilizadas na produção de biocombustíveis e quantos litros de óleo se podem extrair por hectare. Por exemplo, a soja pode produzir 550 litros por hectare, a mamona 800 litros por igual espaço de terra, o babaçu/macaúbe dois mil a três mil litros, o coco dois mil a dois mil e quinhentos, o pinhão manso de quatro mil a cinco mil e quinhentos e o dendém de quatro mil e quinhentos a cinco mil e quinhentos litros.

O girassol, amendoim, gergelim, algodão, milho nabo forrageiro, resíduos da indústria, óleos de fritura, sebo ou gordura animal, são outros ‘ingredientes’ para a fabricação de biocombustíveis.

Quando sénior da Secretaria de Ciência e Tecnologia do Rio de Janeiro, Nelson Furtado centrou a sua apresentação ao que está a ser feito em termos de biocombustíveis naquele Estado brasileiro. Falando sobre os impactos do biocombustível, referiu que o mesmo permite a redução em 32% do consumo, equivalente a 6.4 milhões de m3 por ano e a 3,2 biliões de dólares anuais.

Outro impacto tem a ver com o seu uso em localidades isoladas e em equipamentos agrícolas como tractores e colheitadeiras, para além da sua utilização em motores para geração de energia eléctrica. Permite também a geração de empregos na zona rural.

O também coordenador do Programa RioBiodiesel referiu igualmente que o Brasil, no âmbito do planeamento estratégico, já dispõe de infra-estrutura instalada para a produção de etanol a preços competitivos, sendo que o desenvolvimento das tecnologias de produção privilegiam a iniciativa nacional.

Afirmou ainda que a sinergia entre as cadeias produtivas da soja e da cana-de-açucar apresentará resultados para o desenvolvimento da economia nacional e que a opção pela transesterificação etílica caracteriza o projecto como essencialmente nacional.

Fonte: Jornal de Angola