sexta-feira, março 27, 2009

Estatal investirá US$ 2,4 bilhões em biodiesel

A Petrobras informou hoje que o Plano de Negócios da Petrobras Biocombustível prevê investimentos de US$ 2,4 bilhões no segmento de produção de biodiesel e etanol para o período de 2009-2013, sendo 91% no Brasil. Este valor faz parte do total de US$ 2,8 bilhões destinados pela Petrobras ao negócio de biocombustíveis, que prevê também US$ 400 milhões para infraestrutura, como alcooldutos. Os recursos totais representam um aumento de 87% em relação ao plano anterior. A estatal destinou ainda US$ 530 milhões neste período para pesquisas em biocombustíveis.

De acordo com o comunicado da companhia, dos US$ 2,4 bilhões, 80% serão investidos em etanol e 20% em biodiesel. Uma das metas da empresa é atingir em 2013 a produção de 640 milhões de litros de biodiesel no Brasil. Para isso, está prevista uma nova usina no norte do País, a duplicação da usina de Candeias (BA) e a adaptação para produção comercial das usinas experimentais de Guamaré, no Rio Grande do Norte. Também será desenvolvido um trabalho para ampliar a capacidade de produção das usinas de Quixadá (CE) e Montes Claros (MG). Será ainda analisada a possibilidade de aquisição de duas novas usinas.

Sobre a atuação internacional na área de biodiesel, a estatal explica ainda que terá continuidade o estudo do projeto em parceria com a portuguesa Galp Energia, que prevê a produção anual de 330 mil m³ de óleo vegetal no Brasil e de 320 mil m³ de biodiesel em Portugal. Também está prevista a implantação de uma unidade de produção de biodiesel na África.

Para o segmento de etanol, a meta da Petrobras é atingir, em parceria, a produção de 1,9 bilhão de litros em 2013, voltada para o mercado externo, e 1,8 bilhão de litros para o mercado interno. Segundo a empresa, o objetivo é fechar ainda este ano parcerias para quatro novos projetos de produção de etanol, envolvendo um parceiro internacional, que garanta mercado, e um produtor nacional de etanol. A empresa poderá ainda adquirir participação em usinas existentes. Fora do País, está sendo estudada uma unidade de produção de etanol na Colômbia.

Fonte: Invest News

Clérigo muçulmano diz que biocombustível é pecado

A produção e utilização de biocombustíveis poderão ser restringidas em comunidades muçulmanas depois que um estudioso do Islã conclamou grupos religiosos a estudar se os biocombustíveis violam a proibição ao álcool prevista pelo islamismo.

Em declaração ao jornal saudita Shams, o sheik Mohamed al-Najimi, da Academia Saudita de Jurisprudência Islâmica, disse que o profeta Maomé proibiu qualquer tipo de uso do álcool, o que incluiria compra, venda, transporte, consumo, provimento e produção.

O biodiesel produzido através do metanol estaria liberado segundo a interpretação do religioso. No entanto o clérigo não fez referência alguma ao biodiesel produzido pela rota etílica. Já o etanol combustível é derivado do álcool etílico, que segundo al-Najimi se encaixaria na categoria proibida. No processo de produção do etanol, o açúcar ou amido de origem vegetal é convertido em álcool etílico através de processo de fermentação com levedura.

Os biocombustíveis “são, basicamente, compostos de álcool”, afirmou ele.

Al-Najimi disse que sua opinião sobre os biocombustíveis não deve ser encarada como uma fatwa (interpretação religiosa com caráter legal no Islã), mas deve estimular os líderes islâmicos a estudarem a questão.

Ele acha também que uma proibição aos biocombustíveis deve se estender além de países predominantemente muçulmanos para abranger os jovens sauditas e muçulmanos que estudam no exterior e utilizam veículos movidos a biocombustível. Vários países do Ocidente e do Oriente estabeleceram o uso obrigatório de misturas de biocombustível, em porcentagens crescentes, na gasolina e no óleo diesel.

Fonte: Cleantech

Geocapital negoceia centro de investigação em Cabo Verde

Hong Kong, China, 26 Mar (Lusa) - A Geocapital está a negociar com o Governo de Cabo Verde a instalação no país de um centro de investigação, pesquisa e desenvolvimento de biocombustíveis, disse hoje à agência Lusa Jorge Ferro Ribeiro, accionista da holding com sede em Macau.

Com interesses no sector financeiro de Cabo Verde e projectos de desenvolvimento de produção de biocombustíveis na Guiné-Bissau e Moçambique, a Geocapital quer aproveitar a experiência cabo-verdiana na produção de Pinhão Manso - Jatropha curcas , a espécie vegetal que vai utilizar em África para produzir combustíveis verdes.

Ferro Ribeiro explicou que o centro de investigação tem "como ponto de referência histórica um dado que não é muito divulgado, mas que é de grande interesse", que é o facto de Cabo Verde ter sido no início do século passado um grande produtor e exportador de jatrofa para França e Portugal.

"Já nessa altura o óleo de jatrofa era utilizado como energia alternativa e fazia a iluminação pública de importantes zonas urbanas em Portugal", disse.

O investidor salientou também que actualmente existem ainda produções de jatrofa em Cabo Verde, o que "reforça a razão" da parceria que será complementar a um acordo de cooperação que a Geocapital assinou em Lisboa com o Instituto de Investigação Científica Tropical também para a investigação relacionada com a produção de biocombustíveis.

Criada em Macau para "potenciar" o contexto económico e comercial do Fórum para a Cooperação Económica e Comercial entre a China e os Países de Língua Oficial Portuguesa, através da actual Região Administrativa Especial da China, a Geocapital tem uma "presença muito forte e relevante" nos países de expressão portuguesa e "está a estudar um investimento na área financeira em Timor-Leste", disse Ferro Ribeiro.

Ainda na área dos biocombustíveis com recurso ao aproveitamento da jatrofa, Jorge Ferro Ribeiro, parceiro do magnata Stanley Ho na Geocapital, explicou à Lusa que a plantação desta espécie vegetal na Guiné-Bissau e em Moçambique deverá ser iniciada no final de 2009 ou início de 2010, acção que permitirá iniciar a produção de biocombustível "em dois ou três anos".

O projecto de produção nos dois países africanos segue uma filosofia de manter "em cada país toda a cadeia de valor do programa" que implicará a "construção e unidades industriais de refinação" adaptadas à dimensão das plantações que serão concretizadas, concluiu Ferro Ribeiro.

JCS.
Fonte:

quinta-feira, março 26, 2009

As respostas do campo às crises econômica e ambiental
João Guilherme Sabino Ometto*



“O Brasil está se movendo em direção à independência energética, através da expansão de fontes alternativas, como hidroeletricidade, etanol e biodiesel. A produção de etanol proveniente da cana-de-açúcar é sustentável em termos financeiros e ambientais, além de não afetar o cultivo de alimentos”. Esta vantagem competitiva, inúmeras vezes explicitada em nosso País por especialistas e representantes do governo e da iniciativa privada, seria redundante caso não fizesse parte do estudo “Baixas Emissões de Carbono, Alto Crescimento: A Resposta da América Latina para a Crise”, que acaba de ser divulgado pelo Banco Mundial (Bird).

Trata-se, assim, do reconhecimento de um dos mais respeitados organismos multilaterais de que os biocombustíveis e a energia de fontes agrícolas renováveis, conforme se pratica no Brasil, representam segura alternativa na busca da sustentabilidade, sem ameaça à cultura de alimentos e das mais importantes commodities. Considerando a credibilidade e significado do Bird, a sua clara posição quanto ao tema, um aval de inegável valor, representa passo importante para o País vencer as últimas reações de ceticismo aos seus programas de substituição da matriz energética.

Assim, a despeito da queda de preços do petróleo, o Brasil deve continuar investindo no fomento da bioenergia, ampliando paulatinamente seu alcance e abrangência. Como se sabe, o etanol já substituiu mais da metade do consumo interno de gasolina, utilizando-se apenas 1% das terras agricultáveis nacionais na cultura da cana-de-açúcar. Mais de 90% dos carros novos em circulação no País são flex fuel. A logística de distribuição garante acesso de toda a frota ao combustível.
O biodiesel também já se encontra nos postos de abastecimento de várias cidades brasileiras, inclusive a de São Paulo, onde roda a mais volumosa parcela de nossa frota. Esse biocombustível é importante salientar, reduz em 78% as emissões de gás carbônico e em 90% as de fumaça. Além disso, praticamente elimina as de óxido de enxofre. Estudos dos ministérios do Desenvolvimento Agrário, da Integração Nacional e das Cidades indicam que, para cada 1% de substituição de óleo diesel por biodiesel produzido com a participação da agricultura familiar, podem ser gerados cem mil empregos no campo.

Os números e dados dos programas brasileiros de bioenergia referendam outra constatação importante do estudo do Bird: “Essa abordagem (relativa às possibilidades de a América Latina contribuir para a solução dos problemas mundiais) poderia apoiar simultaneamente a recuperação econômica e estimular o crescimento nas áreas que atenuam o impacto das mudanças climáticas”. A observação reforça uma tese que parece inequívoca: o mundo não poderá prescindir de programas eficazes de energia limpa e preservação ambiental para solucionar a presente crise econômica, uma das mais graves da história. Ou seja, o capitalismo sobreviverá a esse profundo crash dos derivativos e suas consequências, mas terá de assimilar mudanças inerentes à sustentabilidade, em paralelo à maior responsabilidade e controle dos sistemas financeiros.

Essas irreversíveis tendências colocam o agronegócio no epicentro das soluções viáveis para a humanidade. Isto está muito claro no conteúdo de outro novíssimo estudo do Bird, o Relatório sobre o Desenvolvimento Mundial de 2009, cujo tema básico é “Geografia econômica em transformação”. Diz o documento: “Todas as evidências indicam que a transição da atividade rural para a industrial é ajudada, e não prejudicada, por um setor agrícola saudável (...). Os incentivos direcionados à agricultura também ajudarão os estados atrasados a elevar os padrões de vida para os níveis dos adiantados”.

Todas essas questões evidenciam que o Brasil precisa apoiar cada vez mais o desenvolvimento de sua agropecuária, com a implementação de políticas públicas mais eficazes do que as adotadas até o momento. Nosso agronegócio vai bem, mas poderia ser muito melhor, não fossem gargalos como o do crédito, a dívida rural, os juros muito elevados, o desperdício causado pela deficiência da infraestrutura e os preços elevados dos insumos. Se o mundo reconhece que a resposta da sobrevivência está no campo, o principal protagonista desse processo - o Brasil - não tem o direito de vacilar.

*Engenheiro, membro do Conselho Universitário da Universidade de São Paulo.

Fonte: Jornal Agora

Mercado verde e promissor no Brasil

25/03/09 - O Brasil é hoje a menina do baile da sustentabilidade que todo mundo quer tirar para dançar. Há duas semanas, os alemães estiveram aqui para iniciar negócios com tecnologias sustentáveis, durante evento denominado Ecogerma. Agora são os suecos, que ensaiam uma aproximação, hoje e amanhã, para mostrar sua expertise verde em congresso temático. Não será nenhuma surpresa se, em breve, vierem também os dinamarqueses, os espanhóis e os ingleses - aliás o príncipe Charles deu o ar de sua graça recentemente para tratar prioritariamente de uma agenda ambiental.

Difícil apontar uma única razão para o encanto exercido pelo País. Certamente o seu charme decorre de um conjunto de fatores, entre os quais vale destacar a ascendência econômica, o vasto mercado interno, o pioneirismo do etanol ecologicamente correto, os evidentes gaps de investimentos de infra-estrutura em áreas correlatas às de meio ambiente e - é claro - a propriedade do mais rico patrimônio de recursos naturais do planeta, que tem na Amazônia o seu principal expoente. Nesses tempos de aquecimento global e corrida mundial para redução nas emissões de carbono, um País que possui 46% de fontes renováveis em seu modelo de geração de energia tende a ser visto como um exemplo de sucesso.

Deixando de lado interesses supostamente mais desprendidos na conservação das florestas tropicais (como garantia futura de ar respirável e clima equilibrado para a humanidade), o que atrai a atenção estrangeira é o potencial do mercado brasileiro e as muitas oportunidades que ele oferece. A alemã Roland Berger deu-se ao trabalho de sintetizá-lo em números.

Em parceria com a Câmara de Comércio e Indústria Brasil-Alemanha, a consultoria concluiu estudo segundo o qual o mercado nacional de sustentabilidade corresponde a 0,8% do mercado mundial, com uma estimativa de crescimento interessante entre 5% e 7% ao ano até 2020. Esse índice aproxima-se do crescimento previsto em 6,5% para o mercado mundial no mesmo período. Avaliza as projeções de expansão o fato singelo de que as empresas brasileiras têm investido em tecnologias verdes apenas 1% do seu faturamento. Em números absolutos, os investimentos feitos aqui, no ano de 2007, com gestão de resíduos sólidos, água, saneamento e poluição do ar totalizaram US$ 5,2 bilhões. E os relacionados a energias renováveis ficaram em US$ 6,7 bilhões. Para quem acha que é muito dinheiro, uma informação comparativa: na Alemanha o mercado ambiental movimenta US$ 82 bilhões. O de energias limpas, recursos da ordem de US$ 40 bilhões.

Até mesmo os metódicos alemães, líderes mundiais em tecnologia sustentável, reconhecem a parte cheia do copo da sustentabilidade brasileira. Houve avanços importantes. Mas a expressiva parte vazia do mesmo copo indica, sobretudo, enormes possibilidades de negócio que ficarão mais nítidas tão logo se dispersem as sombras da crise econômica mundial. Um pouco mais de números sobre problemas que se apresentam como oportunidades: no Brasil o índice de materiais reciclados é de 12% contra 57% na Alemanha, apenas 39% de nossas cidades oferecem destino adequado para lixo e só 49% das residências têm saneamento básico. Mais investimento público, por meio de parcerias público-privadas, podem colocar o Brasil entre os três mais promissores mercados para tecnologias sustentáveis do mundo.

O estudo da Roland Berger identificou algumas oportunidades bem concretas. Uma delas está na adoção de novas regulações, que deverão resultar em processos de privatização ou de concessão de serviços públicos de água e saneamento. Outro campo com boas perspectivas é o da gestão de resíduos sólidos urbanos e industriais. Há um ambiente favorável, marcado, sobretudo, por uma nova regulamentação, em tramitação no congresso, que abrangerá a questão da separação e tratamento de resíduos. Uma terceira tendência observada refere-se ao estímulo e uso de energia renovável, com o reforço à utilização de biomassa, a exploração de pequenos rios e bacias hidrográficas e a geração de energia eólica num país riquíssimo em ventos. A necessidade de buscar maior eficiência energética com edificações, tecnologias de informação e materiais verdes corresponde à outra tendência identificada pela Roland Berger.

Feito no auge da crise do subprime, o estudo detectou o que esta coluna já havia apontado, no final do ano passado: o colapso econômico global vai reduzir, em 2009, investimentos em tecnologias sustentáveis (para 30% dos executivos entrevistados.) No entanto, 39% acreditam que haverá apenas um adiamento momentâneo, sem afetar metas planejadas.

Os próximos cinco a oito anos serão caracterizados - afirma o documento - por um desenvolvimento positivo do mercado brasileiro, em decorrência dos investimentos em infra-estrutura no âmbito do PAC, do uso crescente de tecnologias mais limpas e da ascensão de um consumidor mais interessado em produtos verdes. É esperar para confirmar.


Ricardo Voltolini
Fonte:

Petrobras deve investir US$ 158 bilhões no Brasil nos próximos cinco anos

O Plano de Negócios da Petrobras para o período 2009/2013 foi detalhado, nesta terça-feira (24), em audiência pública conjunta das comissões de Assuntos Econômicos (CAE) e de Serviços de Infra-Estrutura (CI).

Gás e biodiesel

Questionado pelo presidente da CI, senador Fernando Collor (PTB-AL), sobre se o Brasil alcançaria autossuficiência na produção de gás com esses investimentos, Sérgio Gabrielli admitiu que vai conquistar apenas autonomia e independência. Dos 135 milhões de metros cúbicos diários de gás que o país deverá demandar em 2013, o dirigente diz que 71 milhões de metros cúbicos deverão vir da produção nacional, mas ressalva que 30 milhões de metros cúbicos continuarão, até 2019, a vir da Bolívia.

Dentro do PN 2009/2013, a produção de biocombustíveis deverá contar com US$ 2,8 bilhões em investimentos - considerado pouco por Sérgio Gabrielli -, dos quais 84% vão para a produção de biodiesel e 16% para etanol. A empresa trabalha com a ampliação da exportação de etanol de 1 milhão de metros cúbicos diários, em 2009, para 4,2 milhões diários em 2013 e, para tanto, está focada no mercado asiático, em especial no Japão.

Já a meta de produção de biodiesel deve saltar de 1,3 milhão de metros cúbicos diários, em 2009, para 2,6 milhões em 2013. Os Estados Unidos são vistos como um mercado "promissor e atraente" para esses produtos, mas, segundo o presidente da Petrobras, não é prioridade por conta da produção própria de álcool à base de milho e pelas barreiras alfandegárias impostas ao produto brasileiro.

Simone Franco / Agência Senado
(Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)